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Juan Guaidó, o líder oposicionista que desafiou Maduro

Evan Romero-Castillo md
30 de abril de 2019

Engenheiro de 35 anos que iniciou carreira política como dirigente estudantil chegou à chefia da oposição na Venezuela quase por acaso. Ascensão veio graças ao vácuo deixado pelas lideranças perseguidas pelo regime.

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Líder oposicionista venezuelano Juan Guaidó
Líder oposicionista Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente da VenezuelaFoto: picture-alliance/dpa/R. Pena

Ao se autoproclamar "chefe de Estado interino" da Venezuela no dia 23 de janeiro, Juan Guaidó desafiou o homem mais forte da nação caribenha, Nicolás Maduro, como nenhum outro político opositor. Até 4 de janeiro de 2019, véspera de assumir a presidência rotatória do Parlamento, nada deixava entrever que o engenheiro industrial de 35 anos estivesse disposto a chegar tão longe.

Sua condição de integrante do Vontade Popular – tido como o mais radical dos partidos antichavistas – permitia prever uma gestão legislativa assertiva, mas sua breve biografia não dava base para se imaginar um cenário como o que atualmente protagoniza: de golpe. Nem os próprios venezuelanos conheciam bem Guaidó.

Descrito como "centrista" por aqueles que o conhecem, apesar de seu partido ser membro da organização Internacional Socialista (IS), Juan Guaidó começou sua carreira política como dirigente estudantil social-democrata na Universidade Católica Andrés Bello, na capital venezuelana, Caracas. Pouco depois, seu nome apareceria entre os dos que fundaram o Vontade Popular em 2009.

Foi como representante da legenda que obteve seu primeiro cargo. Guaidó foi designado deputado suplente para o período entre 2010 e 2015. Em 2015, participou de uma greve de fome exigindo que as autoridades eleitorais – alinhadas com o governo – marcassem eleições parlamentares.

Seu sacrifício parece ter valido a pena: nas eleições legislativas de 6 de dezembro daquele ano, a oposição arrebatou do chavismo a maioria dos lugares no Parlamento, e Guaidó foi nomeado deputado pelo estado de Vargas, com mais de 97 mil votos, para o período de 2016 a 2021. Em seu caso, o resto é história em pleno desenvolvimento.

Salto na hierarquia

"Juan Guaidó chegou à presidência do Parlamento por acaso. E com isso não estou insinuando que ele não tenha os méritos requeridos para exercer o cargo", ressalta o sociólogo venezuelano Héctor Briceño, professor visitante da Universidade de Rostock. "O que quero dizer é que, na hierarquia de seu partido, existem dirigentes de maior peso que foram sendo inabilitados um a um. Isso abriu caminho para Guaidó."

Leopoldo López, o líder do Vontade Popular, está preso em regime domiciliar; Freddy Guevara, ex-vice-presidente do Parlamento, está refugiado na residência do embaixador chileno em Caracas desde que o regime de Maduro o acusou de orquestrar os protestos contra o governo de 2017 e retirou sua imunidade parlamentar; e Carlos Vecchio, ex-coordenador do partido, optou pelo exílio quando foi acusado de responsabilidade pelas mortes ocorridas nas manifestações de 2014.

Juan Guaidó
Guaidó foi eleito deputado com mais de 97 mil votosFoto: Getty Images/AFP/F. Parra

Quando ganharam juntos as últimas eleições legislativas, em dezembro de 2015, os membros da Mesa da Unidade Democrática (MUD) – a aliança de partidos de maior sucesso do antichavismo – concordaram em ocupar a presidência do Parlamento de forma rotativa: o Ação Democrática assumiu em 2016, o Primeiro Justiça, em 2017, e Um Novo Tempo, em 2018.

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