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Itália expulsará criminosos

3 de novembro de 2007

Estatísticas italianas apontam que 75% dos detidos por crimes violentos em 2007 eram romenos. Decreto permite expulsar pessoas consideradas "perigo à segurança pública", mas risco de xenofobia e estigmatização cresce.

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Polícia italiana observa desabrigados de acampamento derrubadoFoto: AP

A morte de uma mulher que havia sido assaltada e brutalmente agredida em Roma, após permanecer dois dias em coma em conseqüência das lesões sofridas, reacendeu o debate sobre a criminalidade entre estrangeiros após o anúncio de que seu suposto agressor é um jovem cigano de origem romena.

Diante da pressão da opinião pública, o governo de centro-esquerda do premiê Romano Prodi cedeu às pressões da oposição conservadora e anunciou medidas mais severas contra estrangeiros residentes no país.

Um decreto de lei expedido às pressas permite à polícia local expulsar imediatamente estrangeiros que tenham antecedentes criminais e contra as quais existam processos em andamento, mas também aqueles considerados "um perigo à segurança pública".

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Premiê Romano Prodi cedeu à pressão da oposiçãoFoto: AP

Até então, quaisquer exportações deveriam ser antes aprovadas pelo Ministério do Interior. No entanto, no caso de crimes graves como o da italiana morta esta semana, os réus continuarão tendo que responder processo na Itália.

A medida entra imediatamente em vigor e só após 60 dias é que o Parlamento terá que avaliar seu prolongamento. A deportação vale por um período de até três anos, com a condição de que a pessoa seja maior de idade e não resida no país há mais de dez anos. Apenas em determinados casos será concedido um período de um mês para que se deixe o país. A não obediência à lei determina pena de três anos.

Com isso, milhares de cidadãos mesmo de países da UE terão de deixar a Itália nos próximos meses, segundo o Ministério italiano do Interior. A medida afetará sobretudo os mais de meio milhão de romenos que vivem no país.

Desde o ingresso da Romênia ao bloco em 1º de janeiro de 2007, cerca de mil romenos cruzam a fronteira italiana a cada mês. Estatísticas da prefeitura de Roma indicam que alarmantes 75% de todos os detidos em casos de roubo, estupro ou assassinato neste ano eram cidadãos romenos.

Problema europeu

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Vítima foi enterrada no sábado em RomaFoto: AP

Por mais que a União Européia garanta a liberdade de circulação a seus cidadãos dentro das fronteiras comunitárias, as autoridades italianas garantem que as novas medidas são compatíveis com as regras vigentes. De fato, cidadãos romenos podem permanecer durante três meses sem restrição em qualquer país da UE. Passado este tempo, é preciso requerir uma permissão de residência.

O problema tomou proporção tal, que o premiê Romano Prodi, em entrevista ao jornal Die Welt, admitiu que, "entre todos os problemas da Itália, a imigração é o número um". Mas, para o prefeito de Roma, Walter Veltroni, a Itália não é o único país com dificuldades desta natureza e o problema deveria ser tratado a nível europeu.

No entanto, as chances de que o debate leve de fato a uma política conjunta são poucas, tendo em vista a grande resistência dos países-membros perante uma política única de imigração.

Revanche e xenofobia

O jovem romeno de 24 anos, detido pela polícia italiana sob acusação de ser o assassino da esposa de um oficial da marinha, nega qualquer envolvimento com o crime. Após o término de um ultimato de dois dias, a polícia derrubou um acampamento ilegal de ciganos nos subúrbios de Roma, no qual o acusado vivia.

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Acusado do crime vivia em acampamento ilegal

Na noite de sexta-feira (02/11), quatro romenos de 29, 34 e 47 anos foram espancados nos arredores da capital por um grupo de motoqueiros mascarados e armados com facas, tacos e barras de ferro, informou a agência italiana Ansa. Três deles foram levados ao hospital com ferimentos graves, o mais velho foi operado ainda na madrugada de sábado.

O governo em Bucareste condenou severamente o ataque, que foi classificado pela mídia italiana como um ato de revanche. Para o ministro italiano do Exterior, Massimo D’Alema, a agressão é “indigna de nosso país”, enquanto Veltroni, prefeito de Roma, apelou que “o tom e o comportamento sejam medidos perante os valores da sociedade civil e não da vendetta”. (rr)