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Irã rebate Scholz após alemão condenar repressão a protestos

13 de novembro de 2022

Líder alemão criticou o regime iraniano por "atirar em seus próprios cidadãos" em manifestações e defendeu novas sanções da UE contra Teerã. Irã responde que fala "provocativa" de Scholz arrisca sabotar laços bilaterais.

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O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, fala a vários microfones
Foto: Michael Kappeler/dpa/picture alliance

O governo iraniano emitiu uma resposta dura neste domingo (13/11) ao chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, que em seu podcast semanal desta semana expressou apoio à onda de protestos maciços no Irã, bem como a novas sanções europeias contra o regime.

O porta-voz do ministério do Exterior iraniano, Nasser Kanaani, disse que os comentários "provocativos, interferentes e não diplomáticos" de Scholz podem causar "prejuízos a longo prazo" e arriscam sabotar a relação histórica entre os dois países.

"Recomendamos que o governo alemão encontre o caminho de volta à discrição para evitar mais rupturas nos laços bilaterais", acrescentou Kanaani.

Em seu podcast no sábado à noite, Scholz abordou os protestos que ocorrem em grande parte do Irã desde a morte da jovem curda Jina Mahsa Amini sob custódia policial, em meados de setembro, bem como a repressão muitas vezes violenta das autoridades iranianas contra os manifestantes.

A certa altura, o líder alemão se dirigiu diretamente ao regime iraniano: "Que governo são vocês, queatiram nos próprios cidadãos? Quem age dessa maneira devem esperar resistência", declarou Scholz.

Ele disse que a Alemanha vai apoiar as negociações da União Europeia (UE) marcadas para segunda-feira sobre novas sanções contra "todos os responsáveis por essa violência contra seu próprio povo". A ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, estará presente na reunião em Bruxelas.

Vários pacotes de sanções europeias foram impostas contra Teerã em outubro, principalmente devido à repressão aos protestos, mas também às alegações de que o Irã está fornecendo drones à Rússia para uso na guerra na Ucrânia.

Scholz disse que os protestos iranianos, que tiveram início com mulheres tirando seus próprios véus em público, há muito se transformaram em algo maior do que "meramente uma questão de códigos de vestimenta" – a jovem Mahsa Amini havia sido presa por não usar o hijab corretamente.

"Crianças, estudantes, mães, pais, avós – todos eles estão nas ruas lutando por mais liberdade e justiça", disse o chefe de governo alemão. Segundo ele, na Alemanha é difícil avaliar quanta coragem é necessária para agir dessa forma diante de um Estado repressivo.

Repressão violenta

O Irã, por sua vez, costuma se referir aos protestos como motins realizados por terroristas. A mídia local patrocinada pelo regime relatou uma série de prisões por acusações relacionadas a esses "motins" neste domingo.

Contudo, Teerã rejeita as alegações de grupos de direitos humanos no exterior de que mais de 14 mil pessoas foram presas nos distúrbios nas últimas semanas, uma estimativa que Scholz também mencionou em seu podcast.

A repressão governamental ainda teria provocado mais de 320 mortes desde setembro, segundo um relatório divulgado no sábado pela ONG Iran Human Rights (IHR).

Além da repressão contra manifestantes, o Irã também sancionou o serviço da DW em idioma persa no mês passado pela cobertura dos protestos, acusando-o de "apoiar o terrorismo".

ek (DPA, AFP)