'Tranque-me com um livro'
29 de agosto de 2009Paisagem bucólica, ambiente silencioso e tranquilidade, quem sabe para ler um bom livro: é o mínimo que um hotel pode oferecer a quem quer descansar. O Literaturhotel Franzosenhohl, no entanto, tem um diferencial: aqui, o hóspede não precisa se preocupar em trazer os livros de casa.
Andrea Reichart, a proprietária, conta que resolveu colocar em prática um desejo que ouviu de muitos clientes de sua livraria na cidade de Essen. "Tranque-me aqui por uma noite, só com uma lanterna, para que eu possa ler até me fartar, e em paz", pediam.
Foi assim que, em 2006, ela teve a inspiração para um negócio que aliasse descanso e boa leitura. Seu hotel de 25 leitos foi inaugurado na cidade de Iserlohn há um ano. O prédio restaurado, às margens dos bosques da região de Sauerland, mantém o charme do século 19, numa paisagem que convida mesmo a mergulhar na leitura.
Livros por toda a parte
Antes mesmo de chegar à recepção, o hóspede já recebe um livro em mãos. Best-sellers ocupam o espaço por completo, são mais de 2.700 volumes impressos e 40 mil audiolivros à disposição, dos corredores e quartos até o bar.
Registrado na Associação do Comércio Livreiro Alemão, o Literaturhotel recebe regularmente exemplares gratuitos, como se fosse uma livraria. "Não somos um albergue convencional que se classifica como hotel literário por ter alguns clássicos amarelados e um quarto dedicado a Goethe", afirma Reichart, apontando para a diversidade nas prateleiras.
Crime infalível
Para que o hóspede não perca tempo na busca dos seus títulos preferidos, o hotel já procura saber de suas preferências no momento da reserva. Dessa forma, ao chegar, ele já encontra ao lado da cama alguns romances de poderá gostar.
E para quem não sabe bem o que quer ler, uma solução quase infalível: "Quem não consegue se decidir recebe um romance policial. Sempre funciona", revela a hoteleira.
Dicas literárias no elevador
Nos finais de semana, os fãs da boa leitura podem participar de workshops de escrita e leituras com os autores. Reichart se alegra por atrair também as pessoas da região com esses eventos.
Por enquanto a maior parte dos hóspedes é de empresários, um público mais interessado nos quartos confortáveis e no bom serviço do que em boa literatura, reconhece a proprietária. Mas sua grande ambição continua sendo que o hotel se torne, um dia, local favorito dos literatos
"Seria maravilhoso se os hóspedes trocassem dicas sobre livros, logo pela manhã, no elevador. Ou se autores se encontrassem aqui para escrever", sonha Reichart.
Um marcador à espera
No momento, a lotação do hotel oscila entre 30% e 40%. "Para um primeiro ano, estamos satisfeitos com os resultados. Antes é preciso que as pessoas falem mais sobre nós", comenta Hilla Holzhauer, diretora-gerente e nora dos investidores.
Para Andrea Reichart, os amantes de boa literatura são o público ideal, em sua maioria culto e bem situado. Mas todo mundo é bem-vindo. "Espero que nossos hóspedes apenas comecem a ler os livros, e tenham, assim, que retornar. No meio tempo, deixo sempre um marcador de páginas onde pararam a leitura", promete.
NP/dpa/kna
Revisão: Augusto Valente