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Homens divididos entre família e emprego

Annegret Böhme (sm)8 de março de 2005

Embora a lei alemã permita a pais e mães se dedicar à família na mesma medida, sem negligenciar seus respectivos empregos, homens ainda resistem a se afastar do trabalho por razões familiares.

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Pai ou mãe de família?Foto: Bilderbox

Na Alemanha, o grau de formação das mulheres é alto como nunca. Mas, quando elas engravidam, costumam tirar licença e fazer uma pausa na carreira. Os homens, por sua vez, participam cada vez mais da vida familiar: a maioria acompanha as mulheres nos cursos pré-natal e, de cada nove pais, dez presenciam o parto. No entanto, eles ainda têm dificuldade de se afastar do trabalho. A maioria faz horas extras, além de se dedicar à família.

Poucos usufruem da lei

Em 2001, a legislação alemã permitiu aos trabalhadores com família reduzir a jornada de trabalho. A coalizão de governo social-democrata e verde criou uma lei que concede tanto às mães quanto aos pais o direito de se afastar parcialmente do emprego nos três primeiros anos após o nascimento do filho. Um deles pode ficar em casa ou ambos podem trabalhar meio expediente – e o emprego fica garantido. Assim, os casais podem se dividir igualitariamente nas atividades profissionais e familiares.

No entanto, são raros os homens que usufruem desta lei. De acordo com o Ministério da Família, apenas 5% dos pais beneficiados pela lei realmente fazem uso de seus direitos. Isso, apesar de algumas grandes empresas praticarem uma política de pessoal cada vez mais favorável à dinâmica familiar, com creches dentro da empresa, ofertas de trabalho em meio período, flexibilidade de horário e quanto ao local de trabalho.

Andreas de Maizière, membro da diretoria do Commerzbank, explica que este tipo de iniciativa faz parte de uma política de desenvolvimento de pessoal: "Temos menos faltas e funcionários mais satisfeitos. E segundo nossos cálculos, mesmo considerando apenas vantagens econômicas do banco, isso compensa, vale a pena mesmo."

Mais tempo com a família: fica na vontade

Mesmo assim, no Commerzbank dá para contar nos dedos os pais de família que optaram por passar mais tempo em casa cuidando dos filhos. O banco chegou até a encomendar um estudo, para descobrir o que os pais, seus familiares, colegas e superiores realmente querem e do que precisam.

Vater bringt Kind das Schwimmen bei
Pais querem tempo para ficar com a famíliaFoto: Bilderbox

Na verdade, muitos homens alemães desejam mais tempo para a sua família, segundo indicam diversas pesquisas sociológicas. Cerca de 70% dos pais gostariam de reduzir a jornada de trabalho, mas o que fazem é justamente o contrário: acabam trabalhando em média 40 horas por semana ou mais.

Apesar de as empresas estarem começando a atentar para as circunstâncias familiares de seus funcionários, as condições de trabalho para os homens não melhoraram. Por mais que defendam uma política favorável à família, os líderes empresariais também nunca perdem a chance de exigir o prolongamento da jornada de trabalho.

Homem em casa, mobbing no trabalho

Um estudo encomendado pelo sindicato de prestação de serviços Verdi revelou que os representantes de funcionários mal se interessam pelo tema. Diante da crise no mercado de trabalho, com mais de cinco milhões de desempregados e contínuos cortes de emprego, o desejo de conciliar família e profissão é considerado por muitos um luxo. O estudo também mostrou que os pais que trabalham só meio expediente quase sempre têm problemas no emprego, seja com superiores ou colegas.

Mas as mulheres também conhecem o medo de mobbing, de ruptura na carreira ou de demissão. Às vezes, os responsáveis por igualdade de chances para homens e mulheres no trabalho conseguem descobrir, em conversas mais pessoais, o porquê desta falta de flexibilidade no comportamento dos pais. No fundo, a mulher que fica em casa para cuidar dos filhos tem reconhecimento social. Mas quando um homem arrisca fazer o mesmo, está automaticamente colocando em questão a prática usual de colegas e chefes de trabalhar período integral e fazer horas extras, independentemente das necessidades familiares.