Tradição Oetker
29 de maio de 2010Quando Richard assumiu a direção do Grupo Oetker, no início deste ano, muitos observadores se surpreenderam. Richard Oetker voltaria a ter destaque, apesar de um trauma do passado – ele foi sequestrado em meados da década de 1970 e escapou por pouco da morte, após a família pagar um resgate milionário. Mestre-cervejeiro formado, trabalhou durante anos em silêncio, longe da vida pública. Agora, isso mudou drasticamente.
Ele recebeu o cargo das mãos de seu irmão August, que chefiou a companhia por quase 30 anos e, seguindo a tradição dos Oetker, passou o bastão para um parente mais novo ao completar 65 anos. Agora cabe a Richard a tarefa de reger o império familiar, que nasceu embalando fermento em pó e hoje trabalha com pizza, pudim, cerveja, navios de carga, agências de banco e hotéis de luxo.
"Vocês sabem que não sou homem de aparecer sempre em público, mas agora faz parte do ofício. E há momentos em que também os funcionários esperam isso. Mais uma vez, constatei quantos bons funcionários temos na empresa, muito motivados, leais e dedicados. Só assim é possível alcançar o sucesso que alcançamos nos últimos anos. E Deus queira que continue assim", disse Richard Oetker.
O momento econômico
O discurso dá uma mostra do bom humor e do otimismo do novo homem forte da companhia. Contudo, seus desafios não são pequenos, porque a Oetker também sofreu com a crise econômica. Um dos motivos de preocupação seria a empresa de transporte marítimo Hamburg Süd, que tem dado prejuízos, assim como o grupo cervejeiro Radeberger, pois os alemães estão bebendo menos cerveja.
Em compensação, em outros campos vai tudo muito bem. Há dois anos, a empresa de Bielefeld lidera o mercado na Itália, a terra da pizza, com sua marca "Cameo". Aliás, as pizzas congeladas são o carro-chefe da empresa no mundo inteiro.
"O que acontece com a pizza, que dá para notar, é que algumas receitas funcionam em mais de um país. Uma pizza de salame conseguimos vender para muitos países. Exemplo: um pudim de chocolate com nossa receita alemã não conseguimos vender em tantos lugares, então precisamos criar e desenvolver nossas receitas para cada gosto. É fácil vender pizza para o mundo inteiro", explicou Oetker.
Oportunidade de crescimento
A Copa do Mundo da África do Sul já surge no horizonte, inclusive em Bielefeld. Assim, a Oetker Alimentos Ltda. vai lançar no mercado uma pizza congelada especial: com chakalaka. Trata-se de uma mistura de condimentos criada nos bairros negros de Johannesburgo. Com a África do Sul, a companhia estará presente em todos os continentes, diz Richard Oetker, que acrescenta com um sorriso no rosto: "menos na Antártida".
"Queremos ter condições de oferecer aos torcedores na África do Sul também as tradicionais pizzas Dr. Oetker. Já tomamos providências nesse sentido e estou confiante de que vamos conseguir", contou Richard.
Aliás, os negócios da Oetker Alimentos tiveram desempenho melhor no exterior que na Alemanha no ano passado. No país-sede da empresa, o movimento até recuou um pouco. Mesmo assim, Richard Oetker enfatiza que as instalações de produção na Alemanha serão ampliadas.
"Isto é possível, porque podemos produzir nossas mercadorias na Alemanha e exportá-las ou mandá-las para nossas empresas no exterior. É claro que tem que valer a pena financeiramente, o que nem sempre é fácil. Mas queremos, em todos os casos, fortalecer nossas fábricas na Alemanha e fazer o nosso melhor para atingir também esse objetivo", prometeu o empresário.
Cerca de 10 mil pessoas trabalham na Oetker Alimentos em todo o mundo. Apesar da crise de 2009, somente na Alemanha 100 novos postos de trabalho foram criados.
Presença no Brasil
No Brasil, o Grupo Oetker está presente desde a década de 1930. A empresa vende misturas para bolo, aromas, confeitos, chás, salgados, sobremesas prontas e pizzas congeladas. Além da Dr. Oetker, o grupo controla a Hamburg Süd Brasil Ltda., empresa de transporte marítimo, e a Aliança Navegação e Logística.
Autor: Monika Lohmüller (TM)
Revisão: Simone Lopes