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Grupo contra medidas antipandemia sob vigilância estatal

9 de dezembro de 2020

Movimento Querdenken tem organizado algumas das maiores manifestações contra as restrições impostas para contenção da covid-19. Órgão de segurança interna da Alemanha afirma que grupo está "infiltrado por extremistas".

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Querdenken-Bewegung | Anti-Corona - Großdemo in Berlin
Manifestação do Querdenken em Berlim. Extremistas exibem bandeiras do antigo Império Alemão (1871-1918) e da Prússia, uma tática comumente usada para contornar a proibição de símbolos nazistasFoto: picture alliance / SULUPRESS.DE

O Departamento Federal de Proteção da Constituição (BfV) do estado alemão de Baden-Württemberg declarou nesta quarta-feira (09/12) que passará a vigiar o movimento Querdenken 711, que se opõe ativamente às medidas de combate à pandemia de covid-19.

O órgão responsável pela segurança interna classificou formalmente o grupo como objeto de vigilância, por estar "infiltrado por extremistas". O anúncio chega na véspera de uma conferência dos ministros e secretários do Interior, que abordará os efeitos das teorias e ideologias de conspiração sobre a sociedade da Alemanha, e as formas de combatê-los.

Manifestante com cartaz: "Terror do corona, roubo da liberdade, máfia da vacina, mordaça: Estou de saco cheio!"
Manifestação do Querdenken em Stuttgart: "Terror do corona, roubo da liberdade, máfia da vacina, mordaça: Estou de saco cheio!"Foto: Christoph Schmidt/dpa/picture alliance

Em seu website, o Querdenken 711 ("pensamento lateral", seguido do prefixo telefônico de Stuttgart, onde o grupo se formou) se anuncia como "democrata", tendo como meta principal proteger os direitos assegurados na Lei Fundamental (Constituição alemã), em especial as liberdades de opinião, expressão e reunião. No entanto, estão comprovados contatos transversais seus com grupos de extrema direita.

Adeptos do movimento e de suas ramificações têm protestado nos últimos meses, em diversas cidades, contra as restrições decorrentes das medidas governamentais de combate ao novo coronavírus. Eles são responsáveis por organizar algumas das maiores manifestações anti-lockdown, como a que, em novembro, reuniu mais de 20 mil participantes em Leipzig.

"Ameaça à ordem democrática"

No encontro desta quinta-feira, os chefes da pasta do Interior da Alemanha abordarão o Querdenken e grupos semelhantes. Da pauta consta o exame da "tentativa de influenciar a formação de opinião na sociedade, através de desinformação por potências estrangeiras, e de teorias de conspiração propagadas por extremistas".

Tais ideias "podem evoluir para uma tendência em direção à radicalização e um novo extremismo", prossegue o documento. A conferência visa definir maneiras de "combater os efeitos negativos e possíveis ameaças à livre ordem fundamental democrática – especialmente no contexto da atual pandemia, em conexão com teorias de conspiração".

Segundo dados desta quarta-feira do Instituto Robert Koch (RKI), agência governamental alemã de controle e prevenção de doenças infecciosas, o país, atualmente em "quarentena suave", totaliza 1.218.524 casos de covid-19, com 19.932 óbitos. Devido ao aumento contínuo dos contágios, os líderes políticos do país estão considerando endurecer as medidas restritivas antipandemia.

Conexões com neonazistas e Reichsbürger

Michael Ballweg, fundador do Querdenken 711
Michael Ballweg, fundador do Querdenken 711Foto: Sebastian Gollnow/dpa/picture alliance

O fundador do Querdenken 711 é o empreendedor Michael Ballweg, baseado em Stuttgart, capital de Baden-Württemberg. Críticos afirmam que entre os principais apoiadores do movimento estariam os "Reichsbürger" – "cidadãos do Reich" que questionam a existência da República Federal da Alemanha como Estado legítimo e soberano, rejeitando seu sistema legal.

Ballweg rechaça a acusação. Falando à agência DPA, o ativista afirmou que o movimento fundado por ele é apresentado de forma equivocada: extremismo, violência, antissemitismo e ideologia desumana estariam tão deslocados no Querdenken quanto os símbolos de tais formas de pensar: "Somos um movimento pacífico, e não um partido político", afirmou.

No entanto, diversos protestos organizados por seu grupo desembocaram em violência entre os manifestantes. Em outubro, em Berlim, um explosivo caseiro foi detonado, e em diversas cidades as forças de segurança recorreram a canhões d'água para impedir uma escalada.

Além disso, nos eventos do Querdenken são regularmente avistados simbolos neonazistas e dos Reichsbürger. Ballweg esteve, ainda, envolvido em episódios questionáveis, como a aparição em vídeoclipes ao lado do ex-jornalista e ativista Martin Lejeune, acusado de antissemitismo e negação do Holocausto.

AV/kna,afp,dpa