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Greenpeace denuncia estrada ilegal de 150 km na Amazônia

12 de dezembro de 2022

Sobrevoo feito por membros da organização flagrou máquinas de grande porte estacionadas próximas a uma área Yanomami onde vive povo indígena isolado.

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Um garimpeiro está em um ambiente avermelhado, com a água misturando-se ao barro do solo. Ele busca minérios em meio à agua.
Mineração ilegal aumentou 3.350% dentro da reserva indígena Yanomami entre 2016 e 2020, segundo relatórioFoto: Nacho Doce/REUTERS

A organização de defesa do meio ambiente Greenpeace denunciou nesta segunda-feira (12/12) a existência de uma estrada clandestina com 150 quilômetros de extensão que teria sido aberta por garimpeiros ilegais no sul do estado de Roraima, na região Amazônica, que passa a menos de 15 quilômetros de uma tribo indígena que vive em isolamento.

Segundo a organização, a estrada abre espaço na região para o ingresso de maquinário pesado – a exemplo de escavadeiras hidráulicas –, algo considerado inédito e que amplia o potencial de destruição ambiental.

O povo indígena isolado que vive próximo da via é o Moxihatëtëa, que não tem contato com homens brancos e habita uma área do território Yanomami.

"Temos visto no território Yanomami que a mineração ilegal de ouro alcançou outro nível", afirmou Danicley de Aguiar, do Greenpeace Brasil.

A estrada foi descoberta pelos próprios Yanomami, com os primeiros relatos feitos no início de novembro. Na semana passada, especialistas do Greenpeace sobrevoaram a região e confirmaram a existência da rodovia, que apareceu em um mapeamento por satélite em agosto deste ano, além da presença de quatro escavadeiras hidráulicas no entorno. O caso foi revelado no domingo em uma reportagem do programa Fantástico, da TV Globo.

Uma operação conjunta do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Polícia Federal também identificou a estrada e destruiu retroescavadeiras e aviões usados pelo garimpo.

De difícil acesso, o território dos Yanomami tem cerca de 10 milhões de hectares e fica nos estados de Roraima e Amazonas, caracterizando-se como a maior reserva indígena do país. Nela vivem em torno de 30 mil indígenas.

Aumento da exploração ilegal

Estima-se que pelo menos 20 mil garimpeiros atuem na região povoada pelos Yanomami em busca de minérios como ouro. De 2016 a 2020, segundo o relatório Yanomami sob ataque, houve aumento de 3.350% na exploração ilegal dentro da reserva.

O levantamento foi divulgado em abril deste ano pela Hutukara Associação Yanomami e apontou também que 56% da população Yanomami sofre algum tipo de impacto devido ao garimpo.

Entre os principais problemas enfrentados pelos indígenas está justamente a saúde, já que a exploração ilegal de minérios está conectada a casos de malária e desnutrição.

A líder indígena e deputada federal eleita Sonia Guajajara (PSOL) participou do sobrevoo na região e se manifestou sobre o tema.

"É inacreditável que tantos quilômetros de estrada possam ser construídos ilegalmente sob os olhos do Estado em um território indígena. Essa estrada é uma ameaça real para os povos indígenas", disse.

gb/bl (dpa, ots)