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Governo salva MobilCom da falência

(sm)18 de setembro de 2002

Com uma ajuda estatal de 400 milhões de euros, a operadora MobilCom conseguiu evitar a insolvência e se manter no mercado de UMTS. Schröder apela ao governo francês e tenta conciliação com a France Télécom.

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A um passo da falência, a operadora alemã de telefonia móvel é resgatada pelo governoFoto: AP

O Banco de Reconstrução da Alemanha (KfW) vai dar uma injeção de 320 milhões de euros e o restante da ajuda virá do Banco Estadual de Schleswig-Holstein, estado onde a empresa é sediada. Isso vai proporcionar à Mobilcom a liquidez necessária para continuar operando sem restrições no mercado de telefonia móvel, até a implementação de um plano de saneamento para a empresa.

A iniciativa do governo alemão impediu a falência que teria custado 5500 empregos. A concordata se tornara praticamente inevitável, na quinta-feira (12), após a France Télécom, que detém 28,5% das ações, ter suspendido o apoio à MobilCom e congelado 900 milhões de euros. Para o ministro alemão da Economia, Werner Müller, a falta de liquidez da operadora alemã não se deve a falhas de administração. As dívidas se acumularam por causa da aquisição da licença para atuar no mercado de banda larga (UMTS) e à dispendiosa expansão da rede.

A contenda com a France Télécom

Foi a France Télécom que possibilitou à MobilCom o ingresso no mercado de telefonia de banda larga, ao comprar uma participação na operadora alemã em agosto de 2000. Com os investimentos franceses, o fundador da empresa, Gerhard Schmid, comprou a licença de UMTS por 8,4 bilhões de dólares. Em contrapartida, o megaempresário venderia suas ações à companhia telefônica francesa em novembro de 2003.

Certo de que a Télécom compraria sua participação de 35% na empresa, Schmid tentou ampliar o negócio, comprando – através de sua esposa – mais 10% das ações da operadora. Nas negociações sobre a venda de sua participação à Télécom, no início deste ano, ele exigiu um preço de quase um milhão de euros por suas ações, provocando a indignação dos parceiros franceses. A Télécom reagiu com acusações de corrupção contra o fundador e então diretor da MobilCom, colaborando para o descrédito da empresa e a queda da cotação na bolsa.

Agora, após sua demissão, Schmid pretende processar a France Télécom pela rescisão do contrato e exigir uma indenização de milhões de euros. Diante da oferta de ajuda do governo alemão, o megaempresário se propôs a entregar suas ações provisoriamente aos cuidados de um auditor.

A Télécom, por sua vez, está passando por uma grave crise, sob ameaça de ter o mesmo destino da MobilCom. Com dívidas de 15 milhões de euros e um crescimento que ficou abaixo das expectativas, a companhia poderá necessitar em breve de uma urgente injeção de capital de seu maior acionista, o governo francês.

Schröder negocia com Paris

O chefe de governo alemão fez um apelo, a fim de que o governo francês colabore para a solução do conflito entre a MobilCom e a Télécom. Sob mediação do ex-presidente da Thyssen, Dieter Vogel, negociações neste sentido foram iniciadas nesta segunda-feira (16).

Gerhard Schröder se recusa a encarar a operação de salvamento da MobilCom como crédito estatal, qualificando-a como um acerto usual entre bancos. Com este mesmo argumento, o Ministério da Economia em Berlim discorda que seja necessário prestar contas à Comissão Européia, segundo a qual a ajuda terá que ser submetida ao crivo da UE.

A decisão do governo alemão recebeu críticas da oposição, que acusa Schröder de privilegiar empresas grandes em detrimento do médio empresariado. Para a Confederação da Indústria Alemã (BDI), a ajuda estatal não é a solução para a grave onda de insolvências na Alemanha, que atingiu o recorde de 40 mil este ano.