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Sim à UE

10 de outubro de 2011

Esta é a primeira vez desde a queda do comunismo na Polônia, em 1989, que um governo consegue se reeleger em eleições parlamentares. Resultado é considerado voto de confiança dos poloneses à União Europeia.

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Partido de Tusk obteve 39% dos votos dos poloneses
Partido de Tusk obteve 39% dos votos dos polonesesFoto: picture-alliance/dpa

A previsão das pesquisas de opinião sobre as eleições na Polônia foi confirmada pelas urnas neste domingo (9/10). O partido Plataforma Cívica, do primeiro-ministro Donald Tusk, conquistou uma clara vitória para a composição da nova legislatura do parlamento polonês, com 39% dos votos.

O grande adversário da legenda atualmente no poder, o nacional-conservador Lei e Justiça, ficou em segundo lugar com 30% dos votos. O partido é liderado pelo ex-primeiro-ministro Jaroslav Kaczynski, conhecido pelas posições antieuropeias e nacionalistas. Durante a campanha, Kaczynski tentou suscitar nos poloneses sentimentos antigermânicos.

Apenas metade dos eleitores poloneses compareceram às urnas, o que, segundo previam analistas, favoreceria o Plataforma Cívica.

Sim à UE

O resultado das eleições polonesas foi considerado pelas autoridades europeias e por especialistas um claro recado de que os poloneses querem manter um governo aliado à União Europeia (UE) e que trabalhe para se aproximar ainda mais de Berlim e Moscou, adversários históricos de Varsóvia.

Polen Wahlen Jaroslaw Kaczynski
Kaczynski obteve 30% dos votosFoto: picture-alliance/dpa

Sob o comando de Tusk, a Polônia passou praticamente incólume à crise financeira mundial e foi um dos poucos países da UE a conseguir evitar uma recessão. Do ponto de vista do mercado, isto é uma notícia muito boa", opinou Ernest Pytlarczyk, do banco polonês BRE.

"Pode-se dizer que a Polônia optou pela Europa, e esta é uma boa notícia, inclusive para nós, vizinhos alemães", declarou o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, nesta segunda-feira (10/10).

Durante toda a campanha eleitoral, Jaroslav Kaczynski lançou ideias antieuropeias e provocações diretas à Alemanha, acusando o país de querer "restabelecer o poder imperial" sobre a Europa e fez ataques pessoais à chanceler federal alemã, Angela Merkel,  de que ela teria chegado ao poder com o apoio da extinta polícia secreta da antiga Alemanha Oriental, a Stasi.

O PiS também questionou a investigação conduzida por Moscou sobre o acidente aéreo que matou o então presidente polonês Lech Kaczynski, irmão gêmeo de Jaroslav, e outras 95 pessoas no ano passado, durante a tentativa de pouso sob intenso nevoeiro em Smolensk, na Rússia.

Resultado inédito

Esta é a primeira vez desde a queda do comunismo, em 1989, que um governo consegue chegar na frente nas eleições parlamentares para um segundo mandato consecutivo. A expectativa é que Tusk tente compor uma base de governo com o partido campesino PSL, que ficou em terceiro lugar com 8,4%.

A previsão é que a Plataforma Cívica ocupe 206 assentos no Parlamento e seu aliado, o PSL, 28 – chegando, assim, a 234 cadeiras, confirmando a maioria na câmara baixa, que tem 460 parlamentares.

Algumas preocupações

Se por um lado os 30% de aprovação ao conservadorismo representado pelo partido de Kaczynski chamaram a atenção dos observadores da política na Polônia, por outro também surpreendeu a confirmação do terceiro lugar, com 10% dos votos, do Movimento Palikot.

O partido recém-criado pelo milionário excêntrico Janusz Palikot tem, entre outras bandeiras liberais, a legalização da maconha e a união civil de homossexuais, em um país de maioria católica.

Menos da metade dos eleitores compareceu às urnas
Menos da metade dos eleitores compareceu às urnasFoto: DW

Tradicionalmente terceiro colocado na corrida parlamentar, a Aliança Democrática de Esquerda este ano chegou em quinto, com 8,3%.

Novos desafios

O resultado das eleições na Polônia reflete ainda as diferenças internas de crescimento econômico do país. Nas grandes cidades e no oeste, que receberam grandes investimentos nos últimos anos e onde a aprovação para a entrada na UE sempre foi grande, além de apresentarem baixas taxas de desemprego, o partido do primeiro-ministro foi bem votado.

Já nas regiões do leste e sudeste, onde a pobreza e a influência da Igreja Católica são grandes, a oposição teve mais espaço.

O desafio desta segunda legislatura não será apenas levar prosperidade e modernização a todo o país, mas também recuperar a confiança da parcela da população que, apesar de não concordar com as ideias da oposição, está insatisfeita com o governo – o que ficou evidenciado nos votos a Palikot.

MS/dpa/rts
Revisão: Roselaine Wandscheer