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SociedadeAmérica do Norte

Floyd disse mais de 20 vezes que não conseguia respirar

9 de julho de 2020

Em resposta às súplicas do afro-americano morto em Minneapolis, policial que pressionou o joelho contra seu pescoço durante quase nove minutos disse: "Pare de falar. É preciso muito oxigênio para falar."

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Mural na Califórnia com rosto de George Floyd
Mural na Califórnia: morte de George Floyd desencadeou uma onda de protestos antirracismoFoto: picture-alliance/MediaPunch/ImageSPACE/C. Tuite

O afro-americano George Floyd, cuja morte desencadeou uma onda de protestos contra o racismo e a violência policial, disse que não conseguia respirar mais de 20 vezes antes de morrer sob custódia da polícia em Minneapolis, nos EUA, segundo transcrição divulgada nesta quarta-feira (08/07).

Floyd, de 46 anos, morreu em 25 de maio, após ter o joelho de um policial branco pressionado contra seu pescoço durante quase nove minutos. Imagens da ação policial gravadas por passantes que mostram Floyd gritando "Não consigo respirar" viralizaram.

A transcrição da ação divulgada nesta terça foi feita a partir da gravação feita por uma câmera presa à farda de Thomas Lane, um dos quatro policiais acusados pela morte de Floyd.

Ao ser detido, Floyd implorou para não ser colocado numa viatura policial, afirmando ser claustrofóbico. Quando os policiais tentaram coloca-lo no veículo à força, Floyd, algemado, gritou não conseguir respirar e que iria morrer.

Depois, segundo a transcrição, ele disse: "Te amo, mãe. Diga aos meus filhos que amo eles. Estou morto." Ele chamou pela mãe e pelos filhos várias vezes.

Durante os minutos em que ficou detido e disse não conseguir respirar mais de 20 vezes, os policiais podem ser ouvidos dizendo "relaxe", "respire fundo",  "você está bem, está falando bem".

A certa altura, enquanto Floyd insistia que o os policiais o matariam, o agente Derek Chauvin, que ajoelhou sobre o pescoço do detido, gritou: "Então pare de falar, pare de gritar. É preciso muito oxigênio para falar."

Em um momento, Lane questionou Chauvin se deveriam virar Floyd de lado, e o policial respondeu que não. Lane insistiu estar preocupado com o estado de saúde de Floyd, já que ele parecia estar sob o efeito de alguma substância.

"É por isso que está vindo uma ambulância", disse Chuavin, que não removeu o joelho do pescoço de Floyd até que um paramédico lhe pediu para fazê-lo.

De acordo com a transcrição, as últimas palavras de Floyd foram: "Eles vão me matar. Eles vão me matar. Não consigo respirar."

Floyd foi detido por supostamente ter tentado usar uma nota de 20 dólares falsa. Enquanto Derek pressionava seu joelho contra o pescoço de Floyd, outros dois seguravam-no contra o chão, e o quarto policial vigiava a ação.

Os quatro policiais envolvidos foram demitidos no dia seguinte à morte de Floyd. Chauvin foi acusado de homicídio de segundo e terceiro graus, enquanto Lane e os outros dois policiais, Tou Thao e Alexander Kueng, foram acusados de cumplicidade durante assassinato. Se condenados, eles podem receber uma pena de até 40 anos de prisão.

Lane, que está sob liberdade após pagar fiança de 75 mil dólares, argumentou que era sua primeira semana de trabalho na corporação e que foi Chauvin que tomou as decisões que levaram à morte de Floyd. A defesa de Lane pede que as acusações contra ele sejam arquivadas.

LPF/afp/efe/lusa

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