1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Gases de efeito estufa têm alta recorde, apesar da pandemia

23 de novembro de 2020

Desaceleração industrial não impede aumento de poluentes na atmosfera, que atingem nível de concentração inédito em 2019, a qual continua a crescer no ano seguinte, diz agência da ONU.

https://p.dw.com/p/3lj9F
CO2 pegando fogo diante de uma usina de carvão
Ato ambientalista diante de usina de carvão: CO2 é um dos principais vilões das mudanças climáticasFoto: picture-alliance/dpa/B. Roessler

A desaceleração industrial provocada pela pandemia de coronavírus não impediu que ocorresse um aumento de concentrações de dióxido de carbono, o gás de efeito estufa mais presente na atmosfera, alertou nesta segunda-feira (23/11) a Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma agência da ONU.

De acordo com o boletim anual da entidade, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera bateu recorde em 2019, ultrapassando o limite de 410 partes por milhão. O aumento anual é maior do que o do ano anterior e supera a média da última década. Essa tendência de alta continuou em 2020.

"Tal  taxa de crescimento não foi jamais vista na história de nossos registros", frisou o o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas. "O declínio nas emissões que pode ser atribuído ao confinamento é apenas um pequeno ponto na curva de longo prazo. E essa curva, temos que achatar continuamente", disse.

Queda de 17% por lockdowns

Em 2020, período mais importante de paralisação das atividades econômicas, as emissões globais diárias de CO2 caíram 17%, segundo a OMM.

A agência considera difícil antecipar uma estimativa da redução anual de emissões em 2020, já que não se conhece a duração e severidade das medidas de contenção que podem ser tomadas, embora preveja um decréscimo entre 4,2% e 7,5%.

No entanto, essa redução não significa que a concentração de CO2 na atmosfera diminuirá neste ano, já que as emissões passadas são acumuladas com as atuais. Em suma, a concentração de CO2 continuará aumentando este ano, mas a um ritmo mais lento, sem ultrapassar as oscilações usuais no ciclo do carbono que são observadas de um ano ao outro.

"A pandemia de coronavírus não resolverá o problema da mudança climática. No entanto, pode servir como um trampolim para uma campanha climática mais intensa e ambiciosa que alcance a neutralidade de carbono por meio da transformação da indústria, sistemas de energia e de transporte", ressaltou Petteri Taalas.

Os gases de efeito estufa prendem o calor na atmosfera, fazendo com que as temperaturas subam, intensificando as condições climáticas extremas, causando degelo, aumento do nível do mar e acidificação dos oceanos, segundo a OMM.

Recorde dos três principais gases

Os três principais gases de efeito estufa que permanecem na atmosfera –  dióxido de carbono, metano e óxido de nitrogênio – atingiram níveis recordes em 2019, de acordo com a OMM. Um gás como o dióxido de carbono, produzido principalmente pelo uso de combustíveis fósseis, pela produção de cimento e o desmatamento florestal, permanece na atmosfera por séculos, e ainda mais tempo nos oceanos.

Sua presença na atmosfera aumentou mais rápido entre 2018 e 2019 do que de 2017 a 2018, e mais que a média dos últimos 10 anos. "A última vez que a Terra conheceu níveis comparáveis ​​de C02 foi há cerca de 3 ou 5 milhões de anos: a temperatura então estava entre 2 e 3 graus centígrados mais alta do que agora e o nível do mar chegava a estar de 10 a 20 metros mais alto que hoje, mas na época não viviam nela sete mil e setecentos milhões de pessoas", lembrou Taalas.

Quanto ao metano, cujas emissões provém em 60% das atividades humanas (pecuária, cultivo de arroz, combustíveis fósseis, aterros sanitários), aumentou sua presença na atmosfera um pouco mais lentamente entre 2018 e 2019 do que de 2017 a 2018, mas mais rápido do que a média dos últimos 10 anos.

Já a concentração do óxido de nitrogênio, que ao mesmo tempo é um gás de efeito estufa e um produto que destrói a camada de ozônio, manteve seu crescimento na média dos últimos 10 anos. A atividade humana na emissão de óxido de nitrogênio representa 40% do total, principalmente de fertilizantes e processos industriais.

MD/afp/rtr