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G20 condena guerra na Ucrânia em declaração final

16 de novembro de 2022

Ao fim da cúpula em Bali, texto afirma que "a maioria dos membros do grupo condena veementemente" o conflito, que causa imenso sofrimento humano e agrava a crise econômica. China e Índia também assinam declaração.

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Líderes do G20, entre eles Joe Biden (esq.), Olaf Scholz e Emmanuel Macron (c.), conversam´durante cúpula em Bali, na Indonésia
Líderes do G20, entre eles Joe Biden (esq.), Olaf Scholz e Emmanuel Macron (c.), conversam´durante cúpula em Bali, na IndonésiaFoto: Steffen Hebestre/Bundesregierung/dpa/picture alliance

A cúpula dos líderes do G20 em Bali, na Indonésia, foi encerrada nesta quarta-feira (16/11) com uma declaração conjunta contendo uma firme condenação à guerra da Rússia na Ucrânia, assim como um alerta de que o conflito contribui para um "imenso sofrimento humano" e agrava a crise na economia global.

A declaração final se destaca pelo tom incisivo contra a guerra, apesar das diferenças entre as maiores economias do mundo presentes no evento – incluindo a própra Rússia – em relação ao conflito. O texto também foi assinado pelos representantes da China e da Índia, países que possuem fortes laços comerciais com Moscou e têm evitado criticar diretamente o governo do presidente Vladimir Putin.

"A maioria dos membros condena veementemente a guerra na Ucrânia e ressalta que ela está causando imenso sofrimento humano e exacerbando as fragilidades existentes na economia global", diz o documento.

O fato de a declaração mencionar a "maioria dos membros" é um sinal das divergências de opinião, assim como o reconhecimento de que existem "outras perspectivas e avaliações diferentes" sobre o conflito, e que o G20 "não é o fórum para resolver questões de segurança". 

Na avaliação do diretor do Grupo de Pesquisas do G20, John Kirton, o uso da linguagem também empregada na resolução na ONU ao condenar, "nos termos mais fortes", as agressões russas e exigir a "retirada completa e incondicional" de suas tropas do território ucraniano é um "grande avanço".

"[A declaração] não deixa dúvidas sobre quem se sabe que iniciou a guerra e sobre como ela deve terminar", afirma. O especialista nota ainda o abandono da passividade por parte dos governos da China e da Índia, que, segundo ele, se voltaram para o "lado democrático da grande e súbita divisão geopolítica".

O apoio da China à condenação da Rússia surpreendeu alguns analistas. Segundo Kirton, o presidente chinês, Xi Jinping, não estaria disposto a "apoiar o perdedor" no conflito, após a derrota russa para o Exército ucraniano em Kherson.

Explosão na Polônia eleva tensões

A notícia de que o território da Polônia foi atingido por um míssil nesta terça-feira fez com que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, convocasse às pressas uma reunião de emergência dos líderes dos países do G7 e dos Estados-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) presentes no evento.

A Polônia também integra a aliança militar, o que gerou preocupações quanto a um agravamento do conflito no Leste Europeu. Mais tarde, a Polônia e a Otan disseram que provavelmente se tratou de um acidente.

O presidente polonês, Andrzej Duda, afirmou que a explosão que matou duas pessoas em um vilarejo próximo à fronteira ucraniana teria sido "provavelmente um míssil utilizado pela defesa antiaérea, o que significa que seria das forças de Defesa ucranianas".

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, confirmou a informação e disse que não há indicações de que tenha sido um ataque proposital. Ele fez questão de destacar que "não é culpa da Ucrânia". "A Rússia tem a responsabilidade final uma vez que continua sua guerra ilegal contra a Ucrânia."

Além de Biden, estiveram na cúpula em Bali os presidentes da China, Xi Jinping, e da França, Emmanuel Macron; o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi; o chanceler federal alemão, Olaf Scholz; e o premiê britânico, Rishi Sunak.

Putin e Bolsonaro ausentes

O principal ausente no evento foi, sem dúvida, Vladimir Putin. Em seu lugar, estava o ministro do Exterior, Serguei Lavrov, que liderou a delegação russa. Ele se queixou de que Biden teria impelido as outras nações a criticarem Moscou na declaração final da cúpula.

O presidente Jair Bolsonaro também não compareceu. O Brasil foi representado pelo ministro das Relações Exteriores, Carlos França.

Durante o encontro em Bali, Biden anunciou novos investimentos em projetos no Brasil, em Honduras e na Índia, entre outras nações, com o objetivo de melhorar a infraestrutura de países em desenvolvimento.

O anúncio faz parte da Parceria para Infraestrutura e Investimento Global (PGII, na sigla em inglês), iniciativa liderada pelo G7 para investir em infraestrutura em países em desenvolvimento e que busca ser uma resposta ao megaprojeto de infraestrutura chinês conhecido como Nova Rota da Seda.

Crise alimentar e energética

O documento de 16 páginas também trata de outros temas de vital importância, como as crises de energia e alimentarque se agravaram com o andamento da guerra. Os líderes se comprometeram a adotar "ações urgentes para salvar vidas, evitar a fome e a desnutrição e, em particular, lidar com as vulnerabilidades dos países em desenvolvimento".

Assim como outros líderes, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, pediu a extensão do acordo mediado por seu país juntamente com a ONU que permite o escoamento da produção ucraniana de grãos, cujo prazo se encerra neste domingo.

O acordo firmado em julho permitiu que navios carregados de cereais deixassem os portos da Ucrânia através do Mar Negro, após meses de bloqueios impostos pela guerra.

rc/ek (AP, AFP)