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Franceses mantêm resistência à reforma da Previdência

16 de dezembro de 2019

Paralisação dos transportes entra no 12º dia e continua sem previsão de fim. Sindicatos dizem que impasse é culpa do governo, que se recusa a voltar atrás sobre mudança no sistema de aposentadoria.

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Paralisação já está no 12º dia
Paralisação já está no 12º diaFoto: Getty Images/AFP/D. Faget

Os franceses enfrentam novamente dificuldades de se locomover nesta segunda-feira (16/12), quando a greve de transportes contra a reforma da Previdência entrou no 12º dia ainda sem previsão de que esteja chegando ao fim. Governo e sindicatos trocam acusações sobre a culpa do impasse, que coloca em risco os planos de férias de fim de ano de milhões de pessoas.

Com a maioria das linhas de metrô inoperantes em Paris, pela manhã, cerca de 630 quilômetros de congestionamentos – o dobro da média para o horário – foram registrados na capital e em seus subúrbios.

Em toda a França, apenas um em cada três trens de alta velocidade, o TGV, e um em cada quatro trens regionais estão circulando. Apesar da redução do transporte ferroviário, a maioria das cidades não enfrenta o mesmo caos que atinge Paris.

"Até agora tenho trabalhado de casa ou usado meu carro", afirmou um parisiense à agência de notícias AFP na estação de trem Saint-Lazare, na capital. Ele contou que saiu de casa pouco antes das 5h. "O carro, porém, não é mais uma opção devido aos custos e por ser muito desgastante", acrescentou.

Os sindicatos planejam um novo dia de protestos em massa nesta terça-feira e exigem que o governo abandone os planos de uma reforma da Previdência, que, segundo eles, pode obrigar milhões de pessoas a trabalharem por mais tempo antes de se aposentar.

Espera-se que professores, advogados, funcionários públicos e da área de saúde se unam aos empregados do setor de transportes nestas manifestações contra os planos de um sistema de aposentadoria único que acabaria com os atuais 42 regimes especiais. A proposta do governo Emannuel Macron visa reduzir privilégios de determinadas categorias profissionais, como a dos funcionários da estatal ferroviária SNCF e da rede de metrô parisiense.

Parisienses tiveram que recorrer ao carro: mais de 600 km de engarrafamento
Parisienses tiveram que recorrer ao carro: mais de 600 km de engarrafamentoFoto: Reuters/C. Platiau

O governo argumenta que é um sistema "mais justo e simples", em que "cada euro de contribuição dará os mesmos direitos a todos". Mas os sindicatos temem que a mudança aumente a idade de aposentadoria, atualmente em 62 anos, e diminua o nível das pensões.

Diante da greve e dos protestos em massa, que tiveram início em 5 de dezembro, o governo afirmou que está disposto a negociar a reforma, principalmente em relação à idade mínima prevista de 64 anos para o recebimento da aposentadora integral. Porém, já deixou claro que não pretende mudar pontos-chaves da proposta de Macron.

Com a aproximação do Natal, as preocupações sobre os impactos da greve de transportes nas viagens programadas para o período aumentaram. "Entrar em greve é legítimo, mas é preciso respeitar eventos como as festas de fim de ano", afirmou a ministra francesa do Meio Ambiente, Elisabeth Borne, à emissora de televisão France 2. Ela disse que seria "irresponsabilidade" dos líderes sindicais "arruinar as férias" da população.

A SNCF disse que mesmo que a greve termine em breve não será possível retomar a normalidade dos serviços até 25 de dezembro. "Vamos tentar fazer milagres nas férias de Natal", disse a diretora da empresa Rachel Picard, ao jornal francês Parisien.

O líder da Confederação Geral do Trabalho (CGT), Philippe Martinez, afirmou que, se o governo desistir do projeto ou "levar a sério" as negociações, "tudo ficará bem". "Caso contrário, os grevistas decidirão o que fazer na quinta ou sexta-feira", acrescentou a liderança do sindicato que representa, entre outros, trabalhadores do setor de transportes, ameaçando intensificar as manifestações.

Ao ser questionado se a greve seria interrompida durante o Natal, Martinez disse que essa decisão estaria nas mãos de Macron e do primeiro-ministro, Édouard Philipp. Alguns sindicatos defendem o fim da paralisação durante o final de ano e sua retomada em janeiro.

Apesar de o governo anunciar na semana passada concessões ao projeto, o anúncio não acalmou os sindicatos. Paris prometeu que o novo sistema universal de pensões na França abrangeria apenas as gerações nascidas a partir de 1975, e todas as regras do novo sistema só valeriam para quem entrar no mercado de trabalho a partir de 2022.

CN/afp/rtr

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