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Forças russas se retiram de Tchernobil, diz Ucrânia

1 de abril de 2022

Empresa nuclear estatal ucraniana afirma que tropas russas deixaram área da usina nuclear desativada após mais de um mês de ocupação. Soldados teriam recebido "doses significativas" de radiação, o que AIEA não confirma.

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Soldado na usina de Chernobyl
Foto: Russian Defence Ministry/ITAR-TASS/imago images

A companhia nuclear estatal da Ucrânia, Energoatom, informou nesta quinta-feira (31/03) que todas as forças russas que ainda ocupavam a usina nuclear de Tchernobil deixaram o território da antiga fábrica, devolvendo seu controle às autoridades ucranianas após mais de um mês.

A Energoatom afirmou que a retirada russa ocorreu após soldados receberem "doses significativas" de radiação ao cavarem trincheiras na floresta localizada na zona de exclusão ao redor da usina desativada. Não foi possível confirmar a informação de forma independente.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ligada à ONU, disse que se prepara para enviar uma missão às instalações de lixo radioativo de Tchernobil, no norte da Ucrânia.

Apesar de os soldados russos terem tomado o controle de Tchernobil logo após a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro, os funcionários ucranianos da usina continuaram supervisionando o armazenamento seguro do combustível nuclear usado e dos restos envoltos em concreto do reator que explodiu em 1986, causando o pior acidente nuclear da história.

"De acordo com os funcionários da usina nuclear de Tchernobil, não há mais estranhos no local", afirmou a Energoatom em uma postagem online. Mais cedo, a companhia estatal afirmara que a maioria das tropas havia partido, deixando apenas um pequeno número para trás.

As forças russas também se retiraram da cidade vizinha de Slavutych, onde vivem os trabalhadores de Tchernobil, disse a empresa nuclear.

Em uma mensagem separada, a Energoatom afirmou que a Rússia concordou formalmente em devolver à Ucrânia a responsabilidade de proteger Tchernobil.

Kiev vem repetidamente expressando preocupações de segurança acerca de Tchernobil e exigindo a retirada das forças russas, cuja presença impediu que funcionários da usina trocassem de turno por um certo período, levando-os à exaustão.

No início desta semana, trabalhadores locais relataram à agência de notícias Reuters que soldados russos dirigiram sem proteção antirradiação pela área da Floresta Vermelha, a parte mais radioativa da zona ao redor de Tchernobil, levantando nuvens de poeira radioativa.

Solicitado a comentar sobre os relatos dos funcionários de Tchernobil, o Ministério da Defesa da Rússia não se pronunciou.

A Energoatom afirmou que, como resultado de suas preocupações com a radiação, "quase um tumulto começou a se formar entre os soldados", sugerindo que esse foi o motivo da partida inesperada das tropas.

A AIEA, por sua vez, disse que não conseguiu confirmar os relatos de que forças russas teriam sido expostas a altas doses de radiação.

Mais cedo nesta quinta-feira, o chefe da Energoatom pediu à AIEA que ajudasse a garantir que as autoridades nucleares russas não interfiram na operação de Tchernobil e da usina nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa, que também é ocupada por soldados russos.

A retirada ocorreu em meio a crescentes indicações de que o Kremlin estaria usando a conversa de desescalada na Ucrânia como cobertura enquanto suas forças se reagrupam, se reabastecem e se redistribuem para uma ofensiva intensificada na parte leste do país.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski ,disse que a Ucrânia está vendo "um acúmulo de forças russas para novos ataques em Donbas, e estamos nos preparando para isso".

ek (Reuters, AP)