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'Schindler da China'

25 de abril de 2009

Produção teuto-chinesa sobre o nazista John Rabe recebe Prêmio do Cinema Alemão de melhor filme, ator, cenografia e figurinos. "O complexo de Baader-Meinhof" sai de mãos abanando.

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O ator Ulrich Tukur interpreta o nazista John RabeFoto: picture-alliance/ dpa/ Majestic Filmverleih / Tomoko Kikuchi

Um épico de guerra teuto-chinês dominou o Prêmio do Cinema Alemão de 2009. Baseado na história real de um nazista que ajudou a salvar 200 mil civis chineses do massacre de Nanquim, John Rabe arrebatou quatro troféus Lola, inclusive como melhor filme. Ele fora indicado em sete categorias.

Ao receber o troféu de melhor ator, Ulrich Tukur leu uma receita chinesa de tripas de rã cozidas, em lugar do discurso de agradecimento. "Não é um prato fácil, mas um filme importante": assim comentou o ator a película sobre o "Oskar Schindler da China", que também teve premiados sua cenografia e figurinos.

História pouco conhecida

06.03.2009 DW-TV Neu im kino John Rabe
Cartaz do filme

A história do comerciante alemão John Rabe filmada por Florian Gallenberger é pouco conhecida. Nascido em Hamburgo, ele passou grande parte da vida adulta na China, como executivo do grupo industrial Siemens.

Em 1937 o Japão invadiu o país, iniciando uma série de assassinatos, saques, incêndios e estupros. Enquanto a maioria dos estrangeiros abandonou a então capital chinesa Nanquim, Rabe permaneceu, ajudando a criar o Comitê Internacional pela Zona de Segurança de Nanquim, onde refugiados civis recebiam alimentos e abrigo.

Rabe foi eleito líder do comitê, em parte devido a ser membro do partido nacional-socialista e à existência do Pacto Anti-Comintern (contra a Internacional Comunista) entre o Japão e a Alemanha.

Quando as forças japonesas concordaram em poupar as áreas que não contivessem tropas chinesas, Rabe e o comitê internacional persuadiram o governo da República da China a transferir todos os seus militares para longe da zona ocidental de Nanquim.

Contribuição para elaboração do passado japonês

Embora medindo apenas sete quilômetros quadrados, consta que a zona de segurança resultante significou a sobrevivência de 200 mil a 250 mil civis chineses.

O massacre foi um dos capítulos mais sangrentos da invasão japonesa. Fontes da China falam em 300 mil vítimas das atrocidades, enquanto um tribunal aliado limitou esse número a cerca de 200 mil.

Até hoje, alguns políticos e pesquisadores conservadores japoneses negam a ocorrência do massacre, que continua sendo tema de debates acalorados no Japão. Durante a Berlinale 2009, o cineasta Florian Gallenberger disse ter esperanças que sua obra venha a suscitar um debate saudável sobre o evento e sobre o passado guerreiro do país. "Espero que o filme não seja silenciado no Japão", comentou.

Quase 60 anos de prêmios

Deutscher Filmpreis 2009 - Florian Gallenberger
Diretor Florian GallenbergerFoto: picture-alliance / schroewig

O Prêmio do Cinema Alemão, concedido desde 1951, é uma das mais lucrativas competições da indústria cinematográfica e considerado a resposta alemã ao Oscar de Hollywood. No processo de seleção, os 1.100 membros da Academia Alemã de Cinema votam em 15 categorias.

Os cobiçados troféus Lola são acompanhados por prêmios em dinheiro financiados pelo governo alemão, num total de 2,8 milhões de euros. Distribuídos também entre os indicados, eles constituem uma espécie de subvenção indireta para futuros projetos.

Favoritos e azarões

Verleihung des Deutschen Filmpreises Lola 2009
Os vencedores, da esq. para a dir.: humorista Loriot, Ursula Werner, Andreas Dresen e Ulrich TukurFoto: AP

Os Lolas de Prata e Bronze couberam, respectivamente, a Im Winter ein Jahr (No inverno faz um ano), de Caroline Link, e Wolke 9 (Nuvem 9), um drama realista de sexo e amor louco na terceira idade. Sua protagonista, Ursula Werner, foi também considerada melhor atriz, enquanto Andreas Dresen recebeu o Lola de melhor diretor.

Quem saiu de mãos abanando foi O complexo Baader-Meinhof, anteriormente indicado para o Oscar. Ironicamente, a película sobre a campanha de terror da RAF na década de 1970 foi campeão de bilheterias, enquanto John Rabe teve um lançamento decepcionante em março último.

AV/dpa/afp/rtr
Revisão: Alexandre Schossler