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Campanha de Petro recebeu dinheiro do tráfico, diz seu filho

4 de agosto de 2023

Presidente colombiano nega ter conhecimento do caso e descarta renúncia. Filho foi preso após ser acusado por ex-mulher e fez acordo com Ministério Público em troca de redução de pena.

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Gustavo Petro e Nicolás Petro
O presidente colombiano, Gustavo Petro (esq.), ao lado de seu filho, NicolásFoto: Eitan Abramovich/AFP

O filho do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, afirmou nesta quinta-feira (03/08) que o dinheiro de um ex-chefe do narcotráfico recebido por ele teria chegado até o caixa da campanha eleitoral de seu pai.

O deputado estadual Nicolás Petro, que tem 37 anos e é o mais velho entre os seis filhos do presidente, e sua ex-mulher Daysuris Vásquez foram presos no último sábado por suspeita de crime de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito.

No início do ano, Vásquez havia acusado o ex-marido de receber uma grande quantia de um traficante de drogas para a campanha de seu pai à presidência e de ficar com esse dinheiro.

No mais recente desdobramento do caso, Nicolás disse ter enviado para a campanha parte dos 400 milhões de pesos colombianos (R$ 483 mil) que o traficante Santander Lopesierra havia lhe entregado no ano passado. Lopesierra chegou a ser extraditado para os Estados Unidos em 2003 por tráfico de drogas, e está em liberdade desde 2021.

Segundo o promotor do caso, Mario Burgos, o filho do presidente também teria recebido dinheiro do filho de Alfonso Hilsaca, conhecido como "El turco", um comerciante que já foi acusado de financiar grupos paramilitares e planejar homicídios. Burgos afirma que Nicolás ficou com uma parte da soma enquanto a outra foi investida na campanha presidencial.

O primogênito de Gustavo Petro rejeitou inicialmente as acusações, mas depois disse ser culpado e que iria cooperar com a Justiça. Segundo a imprensa colombiana, Burgos teria lhe oferecido um acordo para diminuir a pena resultante do processo à metade em troca da colaboração.

Nicolás está sendo mantido em uma detenção da Promotoria, mas deve seguir para prisão domiciliar. Burgos justificou a decisão ao afirmar que não há sinais de que o acusado possa agir para obstruir a Justiça, depois de renunciar aos seus direitos e se mostrar disposto a entregar todas as provas relevantes.

Gustavo Petro rejeita renúncia

O processo se inicia pouco antes de Gustavo Petro completar seu primeiro ano à frente da Presidência, no dia 7 de agosto. Após a prisão de seu filho, ele garantiu que não iria interferir no processo.

O presidente não negou que sua campanha possa ter recebido financiamento ilegal, mas desmentiu algumas versões que afirmavam que ele teria conhecimento dos envios. Ele assegura não ter "sequer sugerido ou se tornado cúmplice" das ações de seu filho, e disse que, se isso tivesse ocorrido, ele teria de deixar o cargo.

O mandatário assegurou que vai continuar exercendo o seu mandato até 2026 e acusou a oposição de usar o processo contra seu filho para tentar removê-lo do poder. Ele disse que deve a sua eleição "ao povo e a mais ninguém". "É ao povo a quem devo responder", sublinhou.

"Tenham a certeza absoluta de que este governo termina por mandato popular [...] e é bom que fique claro na Colômbia: não há ninguém que possa acabar com este governo a não ser o próprio povo", enfatizou. "Vamos até ao ano de 2026."

rc/bl (AFP, Lusa)