Festival de Avignon celebra “NoBody” de Sasha Waltz
23 de julho de 2002NoBody estreou em fevereiro último no Schaubühne de Berlim, casa dirigida por Waltz e Thomas Ostermeier. Co-produzido pelo Festival de Avignon, o espetáculo encerra a trilogia iniciada em Körper e levada adiante em S. Se no primeiro espetáculo Waltz eliminava qualquer rastro de narrativa tradicional, arriscando em direção à abstração, S trazia de volta tudo que Körper havia tirado. Ao invés das figuras andrógenas e manipuláveis, a sensualidade voltava ao palco.
Morte -
NoBody, o terceiro e último espetáculo, finaliza o ciclo sobre o homem e seu corpo. Segundo o diário Der Tagesspiegel, Waltz passa a "questionar a existência corporal e espiritual do corpo. A efemeridade do corpo, a morte. Waltz reflete sobre a imortalidade". A coreógrafa brinca com a densidade e a leveza do corpo no espaço e, segundo o diário francês Le Monde, só convence no segundo ato.Segundo o jornal, que dedicou meia página à coreógrafa, num misto de elogio e crítica, "Waltz e seu dramaturgo, Jochen Sandig, dominam por completo o aspecto formal de NoBody, mas não exatamente seu conteúdo". O diário criticou em especial a trilha sonora de Hans Peter Kuhn, que "domina o espetáculo como uma ameaça. A música chicoteia a parede, acredita-se estar no caldeirão de Lúcifer. Tudo é negro. O espectador esquece o que acontece no palco".
Se a música explicitamente ameaçadora de Kuhn não agradou a crítica, o quadro de destruição e desintegração trazido por Waltz e seus bailarinos em NoBody foi longamente aplaudido pelo público de Avignon.