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Falta de reformas pode ameaçar meta do governo alemão

Assis Mendonça25 de fevereiro de 2002

Segundo avaliação de especialistas, a economia alemã só poderá ter um crescimento robusto no próximo ano, se a conjuntura econômica mundial recuperar-se rapidamente.

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Reformas e impulso da conjuntura mundial são imprescindíveis para a recuperação alemãFoto: AP

Nesta segunda-feira (25), os peritos do Instituto Econômico da Renânia-Vestfália (RWI) divulgaram um prognóstico de crescimento econômico em torno de 2,6% para a Alemanha, em 2003. Mas o RWI advertiu, porém, do perigo de que a recessão possa agravar-se, antes mesmo que os reflexos positivos da conjuntura mundial possam ser sentidos pelos alemães.

Outros analistas econômicos alemães também insistem no fato de que uma recuperação conjuntural do país só será possível, se houver um novo impulso proveniente das exportações: o comércio exterior é responsável por cerca de 30% do PIB alemão. Assim, uma evolução positiva na Alemanha pressupõe um crescimento econômico robusto nos demais países da União Européia e também nos Estados Unidos.

Urgência de reformas

Na opinião de Manfred Kurz, economista-chefe do Bayerische Landesbank, mesmo uma forte arrancada da economia mundial poderá passar sem proveitos sensíveis para a Alemanha, caso não sejam feitas as urgentes reformas estruturais: "Se tudo continuar como está na política, a meta do Ministério das Finanças é pouco realista". Jürgen Michels, analista da casa bancária Sal.Oppenheim, adverte que a Alemanha continuará sendo um dos países com desempenho fraco na Eurolândia, independentemente de uma rápida recuperação mundial: "Não vamos marchar para o alto da tabela, vamos ficar na metade inferior."

A jornalista Hildegard Stausberg, do diário conservador Die Welt, também critica a falta de reformas estruturais na Alemanha, chegando a classificar o atual processo alemão como uma "argentinização" do país. Num artigo publicado nesta segunda-feira, Stausberg explicou o que quer dizer com a expressão: "A argentinização é o processo sorrateiro de negligência das reformas políticas e econômicas pela elite política nacional, provocando com isto a derrocada financeira do país, cuja conta tem de ser paga então pelos cidadãos." Segundo a jornalista, a Alemanha está trilhando o mesmo caminho da Argentina.

Recuperação na zona do euro

Na opinião do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Wim Duisenberg, e do Comissário de Economia da União Européia, Pedro Solbes, deverá acelerar-se a recuperação conjuntural nos países que constituem a chamada Eurolândia, a partir do segundo semestre do corrente ano. Duisenberg advertiu, contudo, para alguns fatores de risco no seu prognóstico, entre os quais encontra-se a Alemanha. A recuperação da conjuntura alemã deverá ser bem mais lenta que a dos demais países.

Segundo Wim Duisenberg, que se encontra atualmente em visita à República Popular da China, os efeitos negativos dos atos de terrorismo de 11 de setembro sobre a economia mundial estão praticamente superados. O presidente do BCE acredita que, no final do corrente ano, o crescimento econômico mundial terá alcançado um nível condizente com as potencialidades existentes. Apesar da provável recuperação conjuntural no segundo semestre, Duisenberg prevê para a Eurolândia em 2002 um crescimento real do PIB menor que o do ano de 2001.