1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Expedição científica passará um ano no Ártico

20 de setembro de 2019

Missão inédita visa estudar efeitos das mudanças climáticas na região considerada o "epicentro do aquecimento global". Pesquisadores ficarão em navio encalhado no gelo.

https://p.dw.com/p/3PxgL
O navio Polastern ficará encalhado no Ártico durante um ano e servirá de base para os cientistas da expedição MOSAiC
O navio Polastern ficará encalhado no Ártico durante um ano e servirá de base para os cientistas da expedição MOSAiCFoto: Alfred-Wegener-Institut/Stephan Schön

Uma equipe de cientistas de 19 países inicia nesta sexta-feira (20/09) uma expedição ao Ártico, onde deverão permanecer durante um ano em um navio encalhado no gelo polar.

No projeto de duração mais longa já realizado na região, os cientistas a bordo do navio científico quebra-gelo Polarstern ("Estrela polar", em alemão) esperam obter uma compreensão mais ampla sobre os efeitos das mudanças climáticas na região e em todo o mundo.

Na missão MOSAiC (sigla em inglês para Observatório Flutuante Multidisciplinar para o Estudo do Clima do Ártico), que custou 140 milhões de euros, os pesquisadores realizarão estudos sobre a atmosfera, os oceanos, o gelo marinho, os ecossistemas e os processos naturais.

"Nenhuma outra região do mundo se aqueceu tão rapidamente como o Ártico nas últimas décadas", afirmou o chefe da missão, o pesquisador da atmosfera Markus Rex. "No começo deste ano, tivemos um caso extremo quando esteve mais quente na parte central do Ártico do que a Alemanha."

Segundo Rex, o Ártico é "quase o epicentro do aquecimento global". "Ao mesmo tempo, sabemos muito pouco sobre essa região", observou.

A inédita permanência de cientistas por um ano na região permitirá, pela primeira vez, observar os processos do clima no Ártico em todas as estações. A esperança é que seja possível obter previsões mais exatas sobre o clima no futuro.  "Não conseguiremos prever com precisão o nosso clima se não tivermos previsões confiáveis para o Ártico", disse Rex.

O Polarstern, que pertence ao instituto alemão de pesquisas marinhas e polares Alfred Wegener, partiu de Tromso, na Noruega e ficará atracado a um enorme iceberg antes de flutuar por quase um ano na região central do Ártico. O gelo ao redor da embarcação deve chegar a ao menos 1,5 metros de espessura, com a aproximação do inverno.

Uma frota de quatro navios quebra-gelo da Rússia, China e Suécia, além de aviões e helicópteros, reabastecerá o navio e fará a rotação dos membros da tripulação. Uma vez encalhado, o Polarstern abrigará cerca de 100 integrantes da expedição por turno. No total, 300 cientistas se revezarão em períodos de dois meses de duração.

Navio Polarstern
O Polarstern flutuará por quase um ano na região central do ÁrticoFoto: Alfred-Wegener-Institut/Mario Hoppmann

A missão, em sua jornada de 2,5 mil quilômetros que levou oito anos para ser planejada, deverá enfrentar temperaturas de - 45º C e atravessar um período de 150 dias de total escuridão. Ao redor do Polarstern, será erguida uma miniatura de uma cidade científica sobre o gelo, dividida em seções para evitar que uma pesquisa possa interferir em outras.

Um delas estabelecerá um ponto de lançamento de robôs subaquáticos que pesquisarão o mundo abaixo do gelo e o leito marinho, enquanto outra servirá como base de análises do gelo e da neve, avaliando a interação com o ar e a água.

Uma terceira seção será voltada para o estudo da água marinha, com uma tenda aquecida armazenando amostras acima da temperatura de congelamento, e a última delas trabalhará com mastros com sensores e balões de pesquisa atmosférica.

Christian Haas, um dos chefes da expedição, observa que os processos naturais e as condições mudam significativamente durante as estações do ano. "No inverno, examinaremos os fatores que afetam o congelamento e o crescimento do gelo. No verão, ocorre o contrário; o gelo derrete e a cobertura se quebra para formar campos de gelo", afirmou Haas à DW.

"Como o gelo envelhece durante muitos anos, queremos pesquisar a relação entre o congelamento de inverno e o derretimento no verão para avaliar se o gelo está ficando mais fino ou mais grosso", explicou.

A paisagem será completa com uma pista de pousos e decolagens e uma rede de sensores a 50 quilômetros do navio. A missão contará também com uma equipe de seis pontos de vigia para averiguar a aproximação de ursos polares.

RC/rtr/afp

______________

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | App | Instagram | Newsletter