1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Imprensa

Agências (sm)14 de maio de 2008

Aumenta pressão internacional para governo de Mianmar aceitar ajuda estrangeira nas regiões atingidas pelo ciclone. Imprensa européia critica recusa dos militares, apontando para abertura chinesa como exemplo a seguir.

https://p.dw.com/p/Dztx
Distribuição de mantimentos em Mianmar, após devastação por cicloneFoto: AP

A junta militar em Mianmar continua se recusando a aceitar ajuda estrangeira após a catástrofe causada pelo ciclone Nargis. O chefe de governo, general Thein Sein, assegurou que a situação está sob controle e o governo vai dar conta das operações de resgate. As autoridades de Miamar também negaram que a população das regiões devastadas esteja passando fome ou sob risco de epidemias.

As organizações internacionais de ajuda humanitária, por sua vez, chegaram a uma conclusão diferente. As Nações Unidas temem que a devastação da região no delta do Irrawaddy tenha ocasionado 100 mil mortes. Quase duas semanas após a destruição causada pelo ciclone, a junta militar se tornou alvo de críticas internacionais, por hesitar em aceitar ajuda humanitária do exterior.

O comissário europeu de Cooperação Econômica, Louis Michel, chegou nesta quarta-feira (14/05) a Yangun, onde se encontra com representantes da junta militar. Com sua visita, ele pretende convencê-los a abrir o país para as equipes internacionais de resgate.

A China, que protege politicamente o governo militar em Mianmar, já aceitou ajuda internacional na recuperação dos estragos causados pelo ciclone em seu território. O governo alemão está tentando obter o apoio da China para convencer as autoridades de Mianmar a fazerem o mesmo.

A imprensa européia criticou com rigor os militares de Miamar, contrapondo sua atitude à do governo em Pequim:

"Desta vez, a resposta da China foi melhor e mais madura. Pequim agradeceu ao mundo a solidariedade, aceitou ajuda, pedindo até auxílio ao Japão, um país com o qual as relações bilaterais estão atualmente na Era Glacial. [...] Mianmar, por sua vez, não tem nem experiência nem capacidade de proteger 1,5 milhão de pessoas em perigo. Uma ditadura militar que acredita que o ciclone foi um sinal ominoso da necessidade de transferir a capital para o interior não faz idéia do quanto está se ridicularizando no exterior." (The Times)

"O governo chinês está se esforçando, na medida do possível, para dar conta das conseqüências do terremoto. Os militares de Miamar, por sua vez, só estão interessados em se manter no poder, fugindo à responsabilidade de proteger sua população. Seu comportamento é de um cinismo assassino." (Frankfurter Allgemeine Zeitung)

"Quase 2 milhões de pessoas estão lutando pela vida em Mianmar, de acordo com avaliações da ONU. As organizações de ajuda humanitária estão a postos para auxiliar e ainda dispõem de dinheiro – mas os generais de Mianmar estão bloqueando seu trabalho. Diante da ameaça de catástrofe, a comunidade internacional passa a se perguntar se não seria o caso de impor a ajuda do exterior à força. No entanto, a resposta é 'não'. Os chineses podem e devem pressionar seus aliados em Mianmar a aceitar as equipes internacionais de resgate no país. Para as vítimas, é melhor receber ajuda com cooperação do regime do que contra sua vontade." (Financial Times Deutschland)

"Nos regimes autoritários, existem soberanos melhores e piores? A forma de a China e de Miamar lidarem com as catástrofes naturais torna possível tirar esta conclusão. De um lado, uma gestão de crise profissional, uma política razoavelmente transparente de informação e a abertura à ajuda estrangeira; de outro, estreiteza, medo e isolamento: frente à necessidade, a China e Mianmar estão reagindo de formas absolutamente diferentes, mesmo que pelos mesmos motivos. Tanto os comunistas chineses como os militares de Mianmar estão interessados em se manter no poder. Para a China, tudo indica que proximidade do povo significa ajuda eficiente em caso de catástrofe. [...] Em se tratando de poder, comunistas e generais estão presos ao velho modelo de pensamento. Não é por isso que a China merece uma nota melhor." (Handelsblatt)

Pular a seção Mais sobre este assunto

Mais sobre este assunto

Mostrar mais conteúdo