Consumo infantil
13 de agosto de 2008Ler ainda é uma atividade corriqueira na vida das crianças alemãs. É o que confirma a análise dos hábitos de consumo infantil 2008 (Kids VA 2008), realizada pela editora Egmont Ehapa e apresentada na terça-feira (12/08). O estudo revela que 86% dos entrevistados lêem revistas e que79% investem seu tempo na leitura de livros.
É a 15ª vez que a editora berlinense, que publica na Alemanha entre outros os gibis do Mickey e Lucky Luke, realiza anualmente o estudo representativo, um dos mais significativos e amplos estudos mercadológicos direcionados ao público infanto-juvenil.
Segundo a análise atual, na qual 1.631 crianças e pré-adolescentes entre 6 e 13 anos de idade assim como um dos pais foram ouvidos, 80% dos pequenos alemães gostam de passar seu tempo livre na companhia dos amigos, mas também ouvindo música, andando de bicicleta ou jogando futebol.
Meios eletrônicos também têm vez
Apesar desta preferência por clássicas atividades recreativas, a importância dos meios eletrônicos na vida das crianças alemãs não deve ser subestimada. Nada menos que 95% das crianças entrevistadas provenientes de famílias ricas utilizam o computador, aparelho utilizado por somente 67% das crianças de famílias desfavorecidas.
Esses dados reforçam a forte correlação entre o valor da renda dos pais e o acesso dos filhos ao computador e à internet. No tocante a esta, a barreira entre crianças ricas e pobres se faz ainda mais perceptível, com respectivamente 92% e 45% delas tendo acesso à grande rede digital.
O uso do celular e de jogos eletrônicos também faz parte da vida da grande maioria das crianças: dois entre três dos entrevistados possuem um celular e uma em cada duas crianças joga com seu próprio aparelho de jogos portátil.
Além disso, 42% das crianças entre 10 e 13 anos possuem um console de videojogos, que lhes permite jogar Supernitendo, Playstation, Atari e muitos outros videogames conhecidos certamente por pais tanto brasileiros quanto alemães.
Mesada e afins
As crianças alemãs também querem estar na moda. Consumir produtos de marcas caras é um forte desejo dos entrevistados. Os pais, conforme o estudo, se mostram dispostos a satisfazer esse capricho.
O mesmo não se pode afirmar com relação às crianças alemãs de classes sociais mais baixas, aliás, um número crescente no país. "O abismo entre ricos e pobres está crescendo", afirma Ingo Höhn, da editora Egmont Ehapa.
Desta forma, as crianças oriundas de famílias bem situadas financeiramente recebem o dobro em mesadas e presentes em forma de dinheiro do que crianças na mesma faixa etária nascidas em famílias menos favorecidas.
Enquanto as crianças de famílias pobres recebem em média um valor anual de 237 euros, cerca de 573 reais, em forma de mesada, as crianças de famílias abastadas recebem dos pais uma recheada quantia de 562 euros, cerca de 1.359 reais, anualmente.
Ainda segundo o estudo, essa quantia é gasta principalmente em revistas, sorvetes e doces.