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Estudantes muçulmanos são suspeitos em potencial

lk11 de setembro de 2002

Antes, estudar na Alemanha era motivo de orgulho para os universitários procedentes de países árabes. Hoje, eles têm que conviver com a sina de potenciais suspeitos de terrorismo.

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Mohamed Atta, um dos pilotos camicases de 11 de setembro, vivia e estudava em HamburgoFoto: AP

Ter a sensação de estar sendo permanentemente observado. Receber recusas ao telefone, quando se apresenta para alugar um apartamento. Ser intimado para comparecer à polícia a fim de responder a interrogatórios. Ficar sabendo que a polícia foi fazer perguntas a seu respeito ao empregador, ao locatário, ao banco onde se tem conta, junto as vizinhos. Essas são experiências pelas quais passam na Alemanha, sobretudo em Hamburgo, jovens procedentes de países árabes que um dia chegaram orgulhosos para estudar no país. Sua vida mudou desde 11 de setembro de 2001.

Em Hamburgo, vivia um dos pilotos camicases, Mohammed Atta, e além dele alguns de seus cúmplices. Eles estudavam na Universidade Técnica situada em Harburg. Mantinham um grupo de trabalho intitulado Islã. Hamburgo, a Universidade Técnica de Harburg e seus estudantes muçulmanos tornaram-se o alvo a que os investigadores dedicam a maior atenção desde os atentados terroristas de Nova York e Washington.

Rastreamento eletrônico

Ninguém sabe quantos universitários árabes já foram submetidos ao rastreamento eletrônico em que os dados pessoais são cruzados, na busca de células terroristas já ativas ou em incubação. A polícia mantém sigilo sobre esse número. Uma porta-voz da polícia de Hamburgo só se dispôs a revelar o número de pessoas que já foram "filtradas" nessa operação pente fino: 811. Entre elas, "muitos estudantes", admitiu.

Cerca de dois terços dos casos já foram trabalhados, o que significa: interrogatórios na polícia, busca de informações junto aos bancos, empregadores, vizinhos e locatários... Se surgir posteriormente algum tipo de suspeita, tudo começa de novo.

Alguns universitários contrataram uma advogada e apresentaram queixa ao Tribunal Administrativo contra esse tipo de investigação. No mais, eles evitam falar sobre o assunto em público. Evitam contato com representantes da imprensa. Têm receio de comparecer em grupos a eventos: poderiam ser filmados e depois incluídos em reportagens sobre as células terroristas islâmicas.

Rüdiger Bendlin, porta-voz da Universidade Técnica, diz que compreende perfeitamente esse tipo de reação, mas assegura ter conhecimento de poucos casos em que estudantes tenham tido dificuldades concretas após o 11 de setembro. "Se tivesse se desenvolvido um fenômeno em massa, teríamos protestado."