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"É hora de colocar tudo no devido lugar", diz Bolsonaro

17 de junho de 2020

Presidente vê abusos em operações contra aliados autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal e afirma que não vai "assistir calado enquanto direitos são violados e ideias são perseguidas".

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Presidente Jair Bolsonaro entre apoiadores, em 24 de maio
Presidente Jair Bolsonaro entre apoiadores, em 24 de maioFoto: Getty Images/AFP/E. SA

O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou, nesta quarta-feira (17/06), no Palácio da Alvorada, que houve abusos na operação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra seus aliados e que "está chegando a hora de tudo ser colocado no devido lugar".

"Eu não vou ser o primeiro a chutar o pau da barraca. Eles estão abusando. Isso está a olhos vistos. O ocorrido no dia de ontem, no dia de hoje, quebrando sigilo parlamentar, não tem história nenhuma visto numa democracia, por mais frágil que ela seja. Então tá chegando a hora de tudo ser colocado no devido lugar", afirmou o presidente, no jardim do Palácio da Alvorada, perante apoiadores, que gravaram as declarações em vídeo.

As declarações desta quarta-feira ecoam as do dia anterior, quando o presidente disse que não vai "assistir calado enquanto direitos são violados e ideias são perseguidas". Ele negou ligação do governo com o autoritarismo e afirmou que sempre esteve ao lado da democracia e da Constituição.

"O histórico do meu governo prova que sempre estivemos ao lado da democracia e da Constituição brasileira. Não houve, até agora, nenhuma medida que demonstre qualquer tipo de apreço nosso ao autoritarismo, muito pelo contrário. Luto para fazer a minha parte, mas não posso assistir calado enquanto direitos são violados e ideias são perseguidas", escreveu Bolsonaro em várias redes sociais.

"Por isso, tomarei todas as medidas legais possíveis para proteger a Constituição e a liberdade dos brasileiros", acrescentou o chefe de Estado. Ele denunciou ainda "ataques concretos" ao Executivo e acrescentou que "tem suportado" todos os "abusos presenciados nas últimas semanas" sem desrespeitar "nenhuma regra democrática".

Em entrevista à DW nesta quarta-feira, o ministro do STF Gilmar Mendes disse que Bolsonaro comparece a atos antidemocráticos "para manter esse jogo de ambiguidade" e cultivar aliados e que as Forças Armadas não são árbitro no conflito entre os três poderes. "Mas se usa isso para tentar amedrontar e constranger as instituições", comentou. "As Forças Armadas não são milícias do presidente da República, nem de força política que o apoie."

Nesta terça, a Polícia Federal (PF) cumpriu mandados de busca e apreensão na residência de aliados do presidente, por determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes, para levantar eventuais provas sobre a organização de protestos antidemocráticos e seus financiamentos.

Moraes determinou também o fim do sigilo bancário de dez deputados e um senador, todos aliados do presidente, numa investigação sobre financiamento de atos antidemocráticos. A maioria dos parlamentares com sigilo bancário levantado é filiada ao PSL, partido pelo qual Bolsonaro se elegeu presidente, mas que deixou no final do ano passado.

Na segunda-feira, a Polícia Federal realizou uma operação contra membros de movimentos antidemocráticos e cumpriu seis mandados de prisão, também após autorização do STF. Um dos alvos era a líder do movimento de extrema direita 300 do Brasil, Sara Fernanda Giromini, conhecida como Sara Winter. O grupo, que apoia Bolsonaro, prega o fechamento do STF e do Congresso.

O STF está analisando dois inquéritos, que investigam a divulgação de notícias falsas e ameaças a juízes por apoiadores de Bolsonaro, assim como a organização de atos antidemocráticos por aliados do presidente, que pedem o fechamento do STF, do Congresso e uma intervenção militar no país.

Os alvos da investigação são suspeitos de receberem recursos financeiros para promover atos contra a democracia e de cometerem crimes previstos na Lei de Segurança Nacional. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o objetivo das prisões temporárias é "ouvir os investigados e reunir informações de como funciona o esquema criminoso".

AS/lusa/efe/ots

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