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"Esperança é a última que morre", diz Bolsonaro

5 de novembro de 2020

Presidente brasileiro diz que está "com o coração na mão" por causa da apuração de votos nos EUA, que mostra Trump em desvantagem. Planalto deve evitar reconhecer eventual vitória de Biden imediatamente.

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Brasilien Kundgebung Bolsonaro
Foto: Reuters/U. Marcelino

Fã declarado de Donald Trump, o presidente Jair Bolsonaro disse na noite desta quarta-feira (04/11) que "a esperança é a última que morre" ao falar da apuração das eleições americanas, que mostram seu colega americano em desvantagem em relação ao desafiante democrata Joe Biden.

"A gente tá aqui com o coração na mão com o que tá acontecendo nos Estados Unidos", disse Bolsonaro para apoiadores em frente ao Palácio Alvorada. "A esperança é a última que morre".

Questionado por um apoiador se estava acompanhando a contagem nos EUA, Bolsonaro respondeu de maneira irônica: "O que é que você acha?".

"Todo mundo acompanhando. Parece que foi judicializado o negócio lá, um estado ou outro. [Vamos] Esperar um pouquinho", completou.

Mais cedo, Bolsonaro também disse que continua a torcer por Trump.

"Tenho uma boa política com o Trump, espero que ele seja reeleito. O Brasil vai continuar sendo o Brasil. Sem interferir em nada, até porque quem somos nós para interferir?", disse Bolsonaro.

Segundo a rede CNN Brasil e o jornal O Globo, o Planalto já vem desenhando cenários para uma eventual judicialização do resultado nos EUA, com o republicano contestando uma derrota nos tribunais. Jornais brasileiros apontam que há um "clima de abatimento" entre os membros do governo brasileiro por causa dos resultados a favor de Biden.

De acordo com a CNN, o governo brasileiro, que promoveu uma política personalista de alinhamento a Trump nos últimos dois anos, deve esperar a conclusão de uma eventual judicialização da eleição americana para reconhecer o vitorioso.

Isso significa que o Planalto não deve reconhecer Joe Biden como presidente, mesmo se ele chegar à marca de 270 delegados no Colégio Eleitoral.

Nas últimas horas, Trump tem entrado com ações para barrar a contagem em estados como a Geórgia e a Pensilvânia. Ele ainda pediu uma recontagem em Wisconsin. Trump também já indicou várias vezes que deve contestar uma eventual derrota na Suprema Corte dos EUA.

Um dos filhos do presidente brasileiro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), também vem se manifestando a favor de Trump, chegando a compartilhar publicações que tentam minar a confiança no processo eleitoral americano, apontando, sem provas, indícios de fraude. Ele ainda declarou que a "esquerda é bem organizada em nível mundial. Por isso é importante acompanhar as eleições dos EUA. O que acontece por lá pode se repetir aqui". Em 2018, Eduardo chegou a aparecer publicamente com um boné "Trump 2020" durante uma visita a Washington, depois que seu pai já havia sido eleito.

Durante a campanha, o governo Bolsonaro chegou a dar ajuda indireta para a campanha de Trump, como na visita do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, ao estado de Roraima, próximo da fronteira da Venezuela, em setembro. A viagem foi encarada como um gesto para a comunidade latina antichavista do estado da Flórida. A visita de Pompeo a Roraima foi alvo de críticas do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que apontou que a vinda do americano não era apropriada a menos de 46 dias da eleição nos EUA.

JPS/ots