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TerrorismoEspanha

Espanha relata onda de cartas-bomba a órgãos e autoridades

1 de dezembro de 2022

Depois do caso na embaixada ucraniana, autoridades revelam que correspondências contendo material inflamável foram enviadas também ao primeiro-ministro, à ministra da Defesa, à embaixada dos EUA e mais dois endereços.

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Policiais espanhóis, de uniforme e chapéu, estão entre carros próximos da embaixada da Ucrânia em Madri, fazendo a segurança do local.
Pacote com produto inflamável deixou um funcionário ferido na embaixada da UcrâniaFoto: Burak Akbulut/AA/picture alliance

Após uma carta-bomba ferir um funcionário da embaixada da Ucrânia em Madri na quarta-feira, autoridades da Espanha revelaram nesta quinta (01/12) que pelo menos outras cinco correspondências contendo materiais inflamáveis foram enviadas a diferentes endereços da capital espanhola – uma delas ao primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sanchez, e outra à embaixada dos Estados Unidos.

"Podemos confirmar que um pacote suspeito foi recebido na embaixada dos EUA em Madri e temos conhecimento de relatos de outros pacotes enviados para outros locais da Espanha", informou a embaixada americana à agência Associated Press. "Somos gratos às autoridades espanholas por sua assistência", acrescentou o órgão.

Uma ampla área foi isolada pela polícia ao redor da embaixada dos EUA, localizada no centro de Madri. O dispositivo foi detonado.

Além dos casos nas embaixadas ucraniana e americana, segundo a polícia, outros pacotes foram descobertos no Ministério da Defesa da Espanha, em um centro de satélites da União Europeia (UE), localizado em uma base aérea, e em uma fábrica de armamentos que produz lançadores de granadas destinados à Ucrânia.

No dia 24 de novembro, uma correspondência havia sido enviada para o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez. As autoridades afirmaram que o dispositivo, semelhante aos demais, foi despachado por correio regular, mas desarmado por um esquadrão antibomba.

Dispositivos de fabricação caseira

A carta que feriu levemente um funcionário da embaixada da Ucrânia foi a única que produziu chamas por meio do material que continha. Todas as outras foram desarmadas. A correspondência era endereçada ao embaixador ucraniano, Serhii Pohoreltsev.

De acordo com o secretário de Segurança do Estado do Ministério do Interior da Espanha, Rafael Perez, os dispositivos eram de fabricação caseira e foram enviados em embalagens marrons contendo um pó inflamável e um barbante que prontamente geraria chamas, em vez de uma explosão.

Devido a isso, o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, ordenou o reforço da segurança em todas as embaixadas da Ucrânia no exterior e pediu uma investigação imediata sobre o caso.

Por meio do Twitter, a embaixada da Rússia em Madri condenou as ações, dizendo que "qualquer ameaça ou ataque terrorista, especialmente os direcionados a missões diplomáticas, são totalmente reprováveis".

Primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, está em um púlpito com a mão esquerda e o dedo indicador erguidos, com a bandeira da Espanha e da União Europeia ao fundo. Ele veste camisa branca e terno azul.
Um dos artefatos enviados por correspondência era endereçado ao primeiro-ministro espanhol, Pedro SanchezFoto: Eduardo Parra/EUROPA PRESS/dpa/picture alliance

Prática não é incomum

A correspondência enviada ao Ministério da Defesa da Espanha era endereçada à ministra Margarita Robles, de acordo com Rafael Perez.

A carta destinada à fábrica de armamentos era para o diretor do estabelecimento, que fica na cidade de Zaragoza e produz lançadores de granada que a Espanha repassa para a Ucrânia utilizar na guerra contra a Rússia.

Um funcionário do governo de Zaragoza disse que as correspondências enviadas para a fábrica e para a embaixada ucraniana tinham o mesmo endereço de email como remetente.

No centro de satélites da UE, localizado na base aérea de Torrejon de Ardoz, ao leste de Madri, o pacote foi enviado ao diretor do local. O centro coleta informações e auxilia centros estrangeiros em política de segurança, e foi recentemente descrito pelo chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, como parte dos "olhos da Europa".

O envio de pequenos dispositivos explosivos em pacotes, via correio, não é incomum em muitos países. Na Espanha, essa prática foi corriqueira durante décadas, especialmente no período mais ativo do grupo separatista basco ETA, fundado no final dos anos 50 e dissolvido em 2018.

Envio de dentro da Espanha

A Suprema Corte da Espanha, especializada em terrorismo, investiga o caso como ato terrorista, mas o governo espanhol acredita que ainda não é necessário convocar o comitê de segurança para avaliar um possível aumento no nível de ameaça terrorista, que está no segundo mais alto desde os ataques islâmicos em toda a Europa na última década.

Perez, no entanto, disse que a segurança foi intensificada nos prédios públicos desde a descoberta do pacote enviado ao primeiro-ministro. O reforço na segurança foi estendido também às embaixadas, que já tinham adotado medidas extras desde o início da invasão russa na Ucrânia, em fevereiro.

Perez informou que a polícia está utilizando um dos artefatos intactos e o pacote no qual o objeto estava – enviado para o centro de satélites na base aérea – para auxiliar nas investigações. O secretário afirmou que, conforme uma avaliação preliminar, as correspondências foram enviadas de dentro da Espanha.

"Parece que todos [os pacotes] vieram de dentro do país, mas essa informação é baseada nas primeiras inspeções visuais, ainda sem um relatório técnico apurado", disse.

gb/md (AP, Reuters, ots)