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Populismo na Europa

20 de setembro de 2010

Entrada do partido "Democratas da Suécia" no Parlamento em Estocolmo confirma avanço de direita populista no continente europeu. Dinamarca, Holanda, França, Suíça, Áustria, Hungria, Itália e Bélgica são demais exemplos.

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Coalizão conservadora quer evitar associação com populistasFoto: picture alliance/dpa

A coalizão de centro-direita do governo da Suécia recebeu o maior número de votos nas eleições parlamentares do último fim de semana. No entanto, isso não bastará para o grupo liderado pelo premiê conservador Fredrik Reinfeldt manter a maioria absoluta no Parlamento sueco. A coligação de conservadores, liberais e democrata-cristãos ocupará 172 postos, enquanto aos social-democratas, verdes e esquerdistas caberão 157 assentos, de um total de 349.

Democratas da Suécia

Um dos fatores para essa mudança nas forças políticas do país foi o desempenho do partido Democratas da Suécia (Sverigedemokraterna), populista de direita. Com 5,7% dos votos, pela primeira vez ele estará representado no Parlamento em Estocolmo, com 20 cadeiras. Na Suécia, o mínimo para tal é de 4% dos votos.

Jimmie Akesson
Jimmie Akesson, líder do SverigedemokraternaFoto: picture alliance/dpa

Liderados por Jimmie Akesson, os democratas-suecos se declaram "nacionalistas". Em sua campanha eleitoral exigiram drásticas reduções nos índices de imigração e classificaram o Islã como a maior ameaça estrangeira desde a Segunda Guerra Mundial.

Logo após a divulgação dos resultados do pleito parlamentar, o primeiro-ministro excluíra o Democratas da Suécia como quinto membro em sua coalizão de governo. A esperança de Reinfeldt é associar-se aos verdes.

A chefe do Partido Social Democrata, Mona Sahlin, declarou: "Esta é uma eleição sem vencedores, e digo isso de coração pesado. Agora cabe a Fredrik Reinfeldt mostrar como pretende governar a Suécia sem que os 'democratas' ganhem influência política". Tradicionalmente maior força política do país, os social-democratas obtiveram os piores resultados em sua história, com apenas 30,8% dos votos.

Tendências na Dinamarca, Holanda, França e Suíça

O avanço da extrema direita na Suécia reforça uma tendência na Europa. O Partido Popular da Dinamarca (DVP) é considerado o modelo para o Sverigedemokraterna. Sua ascensão nos últimos dez anos foi meteórica, e sua líder, Pia Kjaesgaard é considerada a "governante secreta" em Copenhague. Apesar de ela mesma adotar um discurso moderado, é à sua habilidade política que se atribui o rigor da atual política dinamarquesa para imigrantes e estrangeiros.

Na Holanda, o Partido pela Liberdade (PVV) afirmou-se em junho último como terceira maior força no Parlamento. Fundado em 2006, ele é liderado pelo anti-islamita Geert Wilders. Suas posições na política social são, em parte, de esquerda, pelo menos no que concerne o que define como "verdadeiros holandeses". Dessa forma, ele é contra a elevação da idade de aposentadoria para 67 anos.

Jean-Marie Le Pen encabeça desde 1972 a Frente Nacional da França na luta contra o establishment e o "excesso de estrangeiros". Sua maior vitória foi chegar à rodada final nas eleições presidenciais de 2002, perdendo, contudo, para Jacques Chirac. Em maio último o partido alcançou 9% dos votos nas eleições regionais. Atualmente com 82 anos de idade, Le Pen prepara-se para transferir a liderança à filha Marine Le Pen.

O nacional-conservador Partido Popular (SVP) domina o Conselho Nacional da Suíça. Com cartazes xenófobos, em que ovelhas brancas expulsavam ovelhas negras, ele suscitou críticas durante a campanha eleitoral de 2007. A União Helvética-Democrática (EDU), ainda mais de direita, detém um assento no Parlamento em Berna.

Áustria, Hungria, Itália e Bélgica

Apelando para o populismo e a xenofobia declarada, o Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ) aposta, sobretudo, naqueles que votam em protesto. Em 2008 ele se tornou a facção mais forte do país, com o apoio de 17,5% dos eleitores. Juntamente com a liga BZÖ – formada por dissidentes do FPÖ – os radicais de direita tiveram um total 28% dos votos naquelas eleições. O líder do FPÖ, Heinz-Christian Strache, diz representar os interesses das pessoas de pequena renda.

Com maioria de dois terços, a Liga dos Jovens Democratas (FIDESZ) governa a Hungria desde as eleições de abril de 2010. O chefe de partido e premiê Viktor Orban dita para o país um curso cada vez mais de direita. Ele promete que um "sistema de cooperação nacional" virá substituir a supostamente caótica democracia que sucedeu à queda do regime comunista. Já o Jobbik (Os Melhores) tende mais para a extrema direita e é abertamente antissemita: com 17% dos votos, passou a ter representação no Parlamento húngaro em abril último.

O mais importante grupo populista de direita da Itália é a Lega Nord, de Umberto Bossi. Ela participa com quatro ministros do governo de Silvio Berlusconi, o qual deve seu cargo, em parte, à vitória eleitoral da Lega em 2008. O partido é declaradamente xenófobo e se bate pela independência do norte do país em relação a Roma e ao sul italiano, mais pobre.

A Nova Aliança Flamenga (N-VA) de Bart de Wever tornou-se o grupo político mais forte da Bélgica, alcançando 17,4% no pleito de junho de 2010. O partido pleiteia a independência da região de Flandres e tem tendências conservadoras, mas não é xenófobo.

AV/dpa/ap
Revisão: Carlos Albuquerque