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Economia alemã fica estagnada no segundo trimestre

29 de julho de 2022

Reflexos da pandemia, guerra na Ucrânia, inflação e altos preços de energia são alguns dos fatores que frearam crescimento entre abril e junho. Analistas alertam que país pode estar a caminho de uma recessão.

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Uma mulher com uma mochila às costas observa produtos em um refrigerador de um supermercado na Alemanha.
Alta dos preços dos alimentos é um dos motivos que têm freado o crescimento da economia alemã em 2022Foto: Frank Hoermann/SVEN SIMON/picture alliance

Maior economia da Europa, a Alemanha estagnou no segundo trimestre deste ano. De acordo com informações divulgadas nesta sexta-feira (29/07) pelo Departamento Alemão de Estatísticas (Destatis), o Produto Interno Bruto (PIB) do país permaneceu inalterado em relação aos três primeiros meses do ano, quando houve crescimento de 0,8%.

Entre as principais razões estão as atuais difíceis condições econômicas globais resultantes da pandemia de covid-19, bem como os problemas nas cadeias de abastecimento e o aumento de preços em meio à guerra na Ucrânia.

Segundo o relatório do Destatis, o que garantiu que a economia alemã não tivesse resultado negativo foi o consumo privado e os investimentos governamentais. Por outro lado, um maior equilíbrio entre importações e exportações empurrou o resultado rumo à estagnação.

A guerra na Ucrânia, por sua vez, agravou problemas que já afetavam a economia alemã, a exemplo do aumento dos preços de energia e as dificuldades de fornecimento para a indústria. Ao mesmo tempo, a inflação mais alta das últimas décadas também tem afetado o consumo interno, um fator importante na Alemanha.

Pesquisadores da GfK, empresa alemã de estudos de mercado, afirmam que os hábitos de compra mudaram consideravelmente, com parte da população contando os centavos para adquirir produtos do dia a dia, como alimentos e cosméticos.

"Além das preocupações com a ruptura das cadeias de abastecimento, a guerra na Ucrânia e o forte aumento dos preços da energia e dos alimentos, teme-se agora que o abastecimento de gás seja insuficiente para a indústria e para as casas no próximo inverno", afirma Rolf Bürkl, especialista em consumo da GfK.

O vice-chanceler federal e ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, comentou os resultados dizendo que muitos dos problemas têm sido ignorados há um tempo por líderes alemães. Ele também observou que a Alemanha não prestou atenção suficiente à escassez de mão de obra e à flexibilização de regras para implementação e aprovação de projetos.

Habeck afirmou ainda que os preços mais altos do gás têm prejudicado tanto empresas quanto consumidores. E disse que vai pedir para a Comissão Europeia revisar leis para empresas que fazem uso intensivo de energia, argumentando que as atuais são muito rígidas.

Recessão a caminho?

Segundo previsões da Comissão Europeia, a Alemanha crescerá apenas 1,4% neste ano. O Fundo Monetário Internacional (FMI), no entanto, prevê um crescimento de apenas 1,2% para 2022.

Em comparação a 2021, a economia alemã cresceu 1,5% no segundo trimestre deste ano. Naquela época, porém, o impacto da pandemia de covid-19 ainda era muito mais evidente.

Os dados, portanto, não são animadores. Especialistas já preveem que a Alemanha pode estar a caminho de uma recessão.

De acordo com o Instituto de Pesquisas Econômicas (IFO) da Universidade de Munique, um levantamento com 9 mil companhias alemãs apontou que o nível de confiança empresarial – atual e para os próximos seis meses – é o mais baixo em dois anos.

"A Alemanha está à beira de uma recessão. Os preços mais altos da energia e a temida escassez de gás estão pesando na economia", disse o presidente do IFO, Clemens Fuest.

Jörg Krämer, economista-chefe do Commerzbank, acredita que a economia alemã já está se contraindo. A questão é observar o quanto ela vai se contrair, o que depende em grande parte, segundo Krämer, do presidente russo Vladimir Putin.

"Se tivermos uma parada completa nas remessas de gás, uma recessão profunda pode ser inevitável", destaca.

gb/ek (DPA, ots)