1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Negócios 'verdes' à vista

16 de março de 2009

Setor de tecnologias sustentáveis pode ser novo nicho para investimentos alemães no Brasil. Áreas como energias renováveis, tratamento de água e gestão de resíduos são setores com grande potencial, sinalizou a Ecogerma.

https://p.dw.com/p/HDj8
Público conferiu tecnologias 'verdes' expostas na feiraFoto: Maizza /Machado

A Ecogerma viu mais de 30 mil pessoas passarem pelos estandes onde as mais novas tecnologias "verdes" alemãs estavam expostas. A primeira feira de negócios voltada para tecnologias sustentáveis no Brasil e na Alemanha, encerrada neste domingo (15/03) em São Paulo, atraiu empresários e representantes de entidades de pesquisa dos dois países – mas também estudantes e curiosos.

O sucesso de público foi além das expectativas dos organizadores, conta Ricardo Rose, diretor de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK) de São Paulo. Rose comemora o "ambiente fértil para plantar ideias e estabelecer parcerias" proporcionado pelo evento e previu que os frutos sejam colhidos ao longo do próximo ano.

"Nossa estimativa inicial era que o evento gerasse R$ 200 milhões em novos negócios, mas pode ser até mais do que isso", diz ele, com base no sucesso da rodada de negócios que reuniu empresários e representantes de entidades de pesquisa do Brasil e da Alemanha no sábado.

Onda de investimentos verdes

A AHK São Paulo detecta uma nova direção nos investimentos alemães no Brasil, agora atraídos pelo potencial de mercado das tecnologias verdes. Segundo Rose, quando se contempla os investimentos alemães sob o ponto de vista histórico, percebe-se diferentes tendências – na década de 50, uma onda de investimentos na indústria automobilística e metalúrgica; nos anos 60, fortes investimentos da indústria química.

Ricardo Rose
Rose: 'green technologies' são tendência dos próximos anosFoto: Cristina Villares/AHK São Paulo

"A tendência agora é realmente serviços e produtos realizados com as green technologies. Esse é o novo segmento que a Alemanha deverá seguir aqui no Brasil", avalia Rose, apoiado por pesquisa da consultoria Roland Berger, que estima que o setor vá crescer entre 5% e 7% ao ano no Brasil até 2020.

Entre os setores que devem entrar com mais força no Brasil nos próximos anos, na estimativa de Rose, estão o de gestão de resíduos. "O Brasil ainda tem certas deficiências em tudo que se relaciona à gestão de resíduos, e aqui empresas e instituições de pesquisa apresentaram novidades na área", avalia.

Outros setores da lista são o de aproveitamento de biomassa ("A Alemanha tem uma vasta experiência, o Brasil tem uma grande disponibilidade de biomassa, mas isso ainda pode ser explorado muito mais") e a área de tratamento de água. "Para esse setor foram apresentadas tecnologias bastante novas e avançadas, que têm uma grande chance de serem implementadas no Brasil”, afirma Rose.

Alemanha quer 'Ecogermas' em outros países

Ecogerma São Paulo
Sucesso de público superou expectativas em São PauloFoto: Maizza/Machado

Também no setor de energia eólica se espera crescimento para os próximos anos, com uma licitação do Ministério das Minas e Energia prevista para 2009. "Isso está criando uma grande expectativa do mercado e atraindo a atenção de empresas alemãs."

O sucesso da Ecogerma deverá ter bis – segundo Lars Grabenschröer, vice-presidente de Vendas e Marketing da AHK São Paulo, a feira terá uma segunda edição, provavelmente em 2010. Mas o conceito também será ampliado para promover eventos menores com o uso da marca.

Se a Ecogerma em São Paulo abrangeu seis campos amplos de atuação – indústria, energia, tecnologias ambientais, infraestrutura, alimentos e agricultura, pesquisa e desenvolvimento – a partir do ano que vem serão promovidos eventos individuais para essas áreas, em regiões do país onde outras Câmaras de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha estão presentes.

Além disso, o conceito poderá ser exportado para outros países: "Falamos com o Ministério do Meio Ambiente da Alemanha e eles querem adaptar o conceito da Ecogerma, mantendo esse nome para promover eventos semelhantes em outros países", comemora Grabenschröer.

Visão de futuro premiada

Ecogerma
A estudante Luiza Ripper com a maquete 'Só depende de nós'Foto: DW/Carneiro

O encerramento do evento foi marcado pela entrega do Prêmio Ecogerma, que contemplou os melhores trabalhos de estudantes – do ensino fundamental à universidade – que respondessem à pergunta "Como será o mundo em 2050?". O prêmio contou com 863 trabalhos inscritos, de estudantes de escolas públicas e particulares.

Uma das vencedoras foi a jovem Luiza Ripper, de 9 anos, que cursa a 3ª série no Colégio Visconde de Porto Seguro. Ela fez uma maquete intitulada "Só depende de nós": de um lado, um mundo de árvores mortas, prédios cinza e morros sem vida; do outro, um mundo repleto de verde e azul, com moinhos de energia eólica margeando a cidade e até um pico nevado. "Se a gente deixar a neve toda derreter é porque a gente não está cuidando do mundo e os níveis da água vão subir", explicou ela.

Também do Porto Seguro, Marina Stavarengo Schreen, de 8 anos, foi premiada por um desenho que retrata a esperança num mundo melhor para as gerações futuras. "Pensei numa mulher que está esperando uma filhinha e que imagina um mundo muito muito melhor para ela", contou Marina – sem negar que essa mulher esperançosa possa vir a ser ela própria no futuro.

Autora: Júlia Dias Carneiro
Revisão: Alexandre Schossler