Disputa socialista pela presidência da França se acirra
13 de janeiro de 2017O primeiro debate dos sete pré-candidatos do Partido Socialista à presidência da França nesta quinta-feira (13/01) abriu a fase mais quente da corrida pelo Palácio do Eliseu.
O ex-ministro da Economia, Arnaud Montebourg, considerado o vencedor da noite, adotou postura critica em relação à presidência de François Hollande e à União Europeia. O ex-primeiro-ministro Manuel Valls, por sua vez, defendeu as medidas tomadas pelo governo nos últimos anos.
Montebourg, de 54 anos, reivindicou a revisão do pacto de estabilidade europeu, criticando a regulamentação central do acordo que estabelece que os Estados-membros devem manter seus déficits orçamentários abaixo de 3% do Produto Interno Bruto (PIB). Afirmando ser esta uma "regra absurda", o ex-ministro sustentou que o país assumir atitude de maior confrontação em relação a Bruxelas. Há anos em déficit, a França deverá manter o limite de 3% em 2017.
Manuel Valls foi alvo de ataques dos demais pré-candidatos ao defender a linha econômica de Hollande. Tanto no aspecto econômico – onde ressaltou a necessidade de continuar no rumo atual – quanto na luta contra o terrorismo e na política internacional, Valls defendeu as medidas do governo, que deixou há pouco mais de um mês para entrar na corrida pela nomeação por seu partido.
O ex-premiê, considerado um dos favoritos na corrida presidencial francesa, defendeu a reforma trabalhista, a última grande medida do governo de Hollande, contra seus adversários, segundo os quais as novas leis enfraquecem a posição dos trabalhadores frente aos empresários. Valls argumentou que as medidas evitam o fechamento de empresas, assim preservando postos de trabalho. O atual índice de desemprego na França gira em torno de 10%.
"Estamos em guerra"
Valls defendeu também as medidas excepcionais tomadas no combate ao terrorismo, com a extensão até julho do estado de emergência no país. "Estamos em guerra", afirmou, dizendo-se orgulhoso das ações do governo nos últimos anos. Montebourg rebateu que o balanço da atual presidência é "difícil de defender".
O ex-ministro da Educação Arnaud Hamon afirmou que o fim do governo de Hollande deixa um sentimento de um projeto inacabado. Ele também criticou a continuidade do estado de emergência no país.
Uma pesquisa-relâmpago divulgada pelo instituto Elabe logo após o debate revelou que, para 29% dos espectadores, Montebourg foi o vencedor. Manuel Valls ficou em segundo lugar (26%), seguido de Hamon (20%).
Os socialistas vão eleger seu candidato à presidência no fim de janeiro, em eleição aberta. O partido governista corre risco de uma derrota amarga nas urnas, o que dá à campanha pré-eleitoral um ímpeto ainda maior.
Os demais candidatos são o ex-ministro da Educação Vincent Peillon, o ecologista François de Rouigi, o democrata Jean-Luc Bennahmias e Sylvia Pinel, da ala mais à esquerda do partido.
O conservador François Fillon, do Partido Republicano, é considerado o favorito para vencer as eleições. Contudo a perspectiva de uma esmagadora vitória conservadora pode ser ofuscada pela candidatura da populista de direita Marie Le Pen, da Frente Nacional (FN).
RC/afp/dpa/efe