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CriminalidadeFrança

Delegacia nos arredores de Paris é alvo de ataque

11 de outubro de 2020

Em torno de 40 pessoas tentam invadir local e atacam policiais com fogos de artifício e barras de metal. Incidente ocorre em meio ao aumento da criminalidade e das tensões nas regiões mais pobres da França.

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Delegacia de Champigny-sur-Marne
Delegacia de Champigny-sur-MarneFoto: Stefane de Sakutin/AFP/Getty Images

Em torno de 40 pessoas atacaram durante quase uma hora na noite deste sábado (10/10) uma delegacia de polícia em Champigny-sur-Marne, a cerca de 12 quilômetros de Paris.

Dois policiais estavam na parte externa da delegacia quando os agressores, alguns com barras de ferro nas mãos, se aproximaram em torno da meia-noite. Os agentes escaparam e conseguiram se proteger na parte interna do edifício.

O grupo utilizou fogos de artifício para tentar invadir a delegacia, mas não conseguiu forçar a entrada no local. Ninguém foi preso. A Promotoria Pública informou que imagens de câmeras de segurança serão avaliadas para a identificação de suspeitos. Vídeos divulgados pela polícia mostravam janelas quebradas e viaturas danificadas.

"Ataque violento na noite de ontem à delegacia de polícia de Champigny, com morteiros de artifício e vários projéteis. Nenhum policial ficou ferido", afirmou a polícia local, através do Twitter.

O motivo do ataque, o terceiro a essa mesma delegacia em dois anos, não foi imediatamente esclarecido. O local fica em um conjunto habitacional conhecido como ponto de tráfico de drogas e é considerado pelas autoridades como de alta prioridade para o restabelecimento da ordem.

O prefeito de Champigny-sur-Marne, Laurent Jeanne, disse que o ataque pode ter sido consequência de um acidente com uma scooter, pelo qual os moradores culpam os policiais. "Foi uma ação coordenada, com cerca de 40 pessoas que queriam o confronto. A situação permanece tensa há alguns dias, com pessoas que já têm certa propensão ao confronto desejando combater a polícia."

Jeanne reconhece que tráfico de drogas é um problema grave no distrito de Bois-L'Abbe, onde fica a delegacia. Entretanto, representantes de sindicatos de policiais afirmam que o ataque deste sábado é sinal de uma ameaça mais ampla contra os agentes da lei nos subúrbios de Paris e outras grandes cidades. Várias outras delegacias em todo o país sofreram neste ano ataques semelhantes, com fogos de artifício sendo utilizados como projéteis.

Na última quarta-feira, dois policiais foram atacados e alvejados com suas próprias armas em um subúrbio de Paris. "Não há mais respeito aos agentes da lei e, infelizmente, o governo não conseguiu mudar essa tendência", criticou Frédéric Lagache, do sindicato de policiais Alliance.

Em Champigny-sur-Marne, o último ataque à delegacia ocorrera em abril. "Mas foram somente adolescentes que agiram durante o lockdown", afirmou Jeanne. "Isso [o ataque deste sábado] foi algo totalmente diferente. Eles queriam ferir fisicamente aqueles dois policiais."

"Os líderes das pequenas gangues não impressionam ninguém e não vão deter nosso trabalho de combater o tráfico de drogas", disse o ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, no Twitter, ao declarar "total apoio aos nossos policias, que realizam uma tarefa difícil".

O aumento dos crimes da França após o fim das restrições impostas para conter a covid-19 no país em meados de maio deixou o governo do presidente Emmanuel Macron em alerta máximo. A onda de crimes é atribuída ao agravamento dos problemas econômicos gerados pela pandemia.

Além disso, a tensão entre policiais e moradores das regiões mais pobres do país vem aumentando. Isso ocorre, em muitos casos, em bairros de imigrantes, onde vários protestos contra o racismo e a violência policial eclodiram dos últimos meses.

RC/rtr/afp