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Câmara aprova MP que permite privatização da Eletrobras

22 de junho de 2021

Empresa fará oferta de ações para aumentar capital, e participação do governo na companhia deve cair dos atuais 60% para 45%. Medida é prioridade da gestão Bolsonaro.

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Itaipu
Eletrobrás produz cerca de 30% da energia do país e opera a hidrelétrica de ItaipuFoto: Ember Stefano/prisma/picture alliance

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta segunda-feira (21/06), por 258 votos a favor e 136 contra, o texto-base da medida provisória que abre caminho para a privatização da Eletrobras, estatal que atua na geração e transmissão de energia elétrica.

A empresa é responsável por cerca de 30% da energia gerada no Brasil, incluindo as hidrelétricas de Itaipu e Belo Monte, e pela transmissão de cerca de metade da eletricidade consumida no país.

A Câmara já havia aprovado a medida provisória em 20 de maio e o Senado, na última quinta. Como os senadores fizeram mudanças, ela teve que ser reapreciada pelos deputados. O texto agora segue para sanção presidencial.

A capitalização da Eletrobras, a maior empresa de energia da América Latina, é considerada uma das prioridades do governo Jair Bolsonaro, que foi ao Congresso em 23 de fevereiro entregar pessoalmente a medida provisória. O presidente elegeu-se prometendo que privatizaria empresas estatais, mas até o momento não vendeu nenhuma.

A privatização também é aguardada por investidores, pois permitirá que mais entes privados participem da produção e transmissão de eletricidade no país. Defensores da capitalização argumentam que isso também reduzirá a influência de partidos políticos na administração da Eletrobras.

Oferta de ações 

O projeto aprovado na Câmara estabelece que o aumento de capital da empresa será feito por meio da oferta de ações na Bolsa de Valores de São Paulo, provavelmente no primeiro trimestre de 2022. O governo brasileiro, que hoje detém cerca de 60% das ações da estatal, não participará dessa oferta, para permitir que os acionistas privados se tornem majoritários, e reduzirá sua fatia na companhia para 45%.

O texto também estabelece que cada acionista, individualmente, não poderá deter mais de 10% do capital votante da empresa, e que a União terá uma ação de classe especial (golden share) que lhe garante poder de veto em decisões da assembleia de acionistas.

O PSOL, o PT e o PSB tentaram obstruir a votação da medida provisória na Câmara, sem sucesso. A deputada Talíria Petrone (RJ), líder do PSOL, afirmou que o governo estaria abrindo mão de um bem estratégico.  "Propõe-se privatizar um bem público que é lucrativo, a privatização de uma empresa que salvou o Amapá de um apagão quando a iniciativa privada não conseguiu", disse.

O partido Novo também se colocou em obstrução. A legenda é defensora da privatização de estatais, mas queria retirar da MP as alterações introduzidas no texto por deputados e senadores que criaram incentivos a gasodutos, estabeleceram novos subsídios e inseriram políticas regionais, aumentando o custo da energia para o consumidor final.

bl (ots)