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Como os alemães planejam a velhice?

Karina Gomes
5 de outubro de 2018

Prevenção é prioridade de aposentados na Alemanha ao planejarem os anos em que precisarão de cuidados. Asilos são opção para boa parte dos alemães, e governo pretende criar milhares de empregos para cuidadores de idosos.

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Foto: picture alliance/dpa/O. Berg

No ano passado, tive que sair temporariamente da casa em que vivia em Bonn, no oeste da Alemanha, para que os proprietários, que moravam no andar de cima, fizessem uma reforma.

"Já queremos nos preparar para quando não pudermos mais subir as escadas", explicaram. O casal aposentado mudou toda a estrutura para que a casa pudesse acomodar os dois velhinhos no dia em que precisem de cuidados especiais.

"Olha, esta porta agora é bem ampla, e não há nenhum degrau. Assim, podemos entrar com a cadeira de rodas", disse o médico de 70 anos mensurando com as mãos o provável tamanho de uma cadeira de rodas de que um dia ele possa precisar.

"O banheiro é até maior do que o quarto para poder acomodar toda a estrutura de adaptação, como o apoio no box do chuveiro e ao redor do vaso sanitário", explicou a mulher, que já subia as escadas com dificuldade.

De repente, me vi numa casa com corredores espaçosos, nenhum obstáculo entre os cômodos e portas, e janelas enormes que um dia acolherão o casal simpático quando os dois não puderem mais ter tanta independência.

A aposentadoria é o período em que muitos começam a pensar em como serão os próximos anos de vida. A praticidade e a prioridade máxima dada à prevenção faz muitos alemães agirem enquanto ainda podem para planejar os anos de velhice.

A maioria dos idosos não se muda para a casa dos filhos para viver junto com o casal e os netos. Uma das opções para a idade avançada são as repúblicas para idosos. Ir para um asilo – em alemão, Altersheim – também é uma alternativa para muitos alemães, algo que, no entanto, muitas vezes é visto como um "destino final". Muitos consideram a opção do asilo quando já não conseguem limpar a casa, sofrem um acidente quando estão sozinhos ou se esquecem de tomar medicamentos.

Os asilos alemães oferecem atividades, atendimento médico e cuidado diário, mas a qualidade dos serviços varia. Asilos privados oferecem melhores condições do que os financiados pelo Estado ou pela Igreja. Charges com humor negro não faltam para retratar a vida de idosos nos asilos.

Outra opção é receber atendimento ambulatorial ou assistência em casa. Funcionários de instituições de caridade, como a Caritas, visitam os idosos em casa algumas vezes por semana ou diariamente para ministrar medicamentos, dar banho e fazer curativos, mas é preciso pagar pelos serviços. Também é possível contratar alguém para fazer as compras ou trazer comida. Famílias também podem solicitar recorrer ao Pflegeversicherung, seguro de dependência pago compulsoriamente pelo contribuinte, para tratar dos idosos em casa. Há casos em que familiares decidem tirar o idoso do asilo quando passam por uma crise financeira.

Com o envelhecimento da população alemã, o país precisa cada vez mais de cuidadores de saúde. Segundo o Departamento Federal de Estatística, 2,9 milhões de pessoas precisam de assistência domiciliar. Com a falta de profissionais, os Ministérios da Saúde, do Trabalho e da Família pretendem financiar 13 mil novos empregos na área a partir de 2019.

Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos na área de sustentabilidade e é mestre em Direitos Humanos.

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