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Caso Schreiber

18 de janeiro de 2010

Karlheinz Schreiber nega as acusações de sonegação fiscal e corrupção e diz que agia em nome de políticos alemães. O lobista da indústria bélica foi pivô do escândalo que manchou a imagem do ex-chanceler Helmut Kohl.

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Karlheinz Schreiber foi extradidato em 2009Foto: AP

A cidade de Augsburg, no sul da Alemanha, sedia um dos julgamentos mais aguardados da última década no país. O lobista da indústria bélica Karlheinz Schreiber, 75 anos, compareceu aos tribunais nesta segunda-feira (18/01) para responder às acusações de evasão fiscal e de suborno a políticos e empresários com dinheiro da indústria armamentista.

Schreiber nega as acusações e diz que agia em nome de políticos. Ele é o pivô do escândalo de financiamento ilegal de campanhas da CDU (União Democrática Cristã) na década de 1990, durante o governo do ex-chanceler federal Helmut Kohl (1982 a 1998). Por dez anos, tentou evitar sua extradição do Canadá, país do qual também possui cidadania.

Altas comissões e subornos

A atuação de Schreiber como lobista começou nos anos 1980. Segundo a promotoria pública, o acusado pode ter evadido até 12,3 milhões de euros entre 1988 e 1993. Esse dinheiro seria de comissões que recebeu por facilitar negócios internacionais em favor de empresários alemães. Entre eles estão a venda de aviões da Airbus para a Tailândia, de helicópteros para o Canadá e de 36 tanques de guerra da Thyssen para a Arábia Saudita.

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Kohl, Schäuble e Merkel no auge do escândaloFoto: dpa/Bildfunk

Em 1999, foi revelado que o lobista teria feito, em 1991, uma doação não declarada de 1 milhão de marcos, o correspondente a 500 mil euros, à CDU. As investigações sobre Schreiber trouxeram à tona o envolvimento de políticos ligados ao partido em casos de corrupção e abalaram o legado de Kohl.

O hoje ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, então vice-presidente do partido, teria recebido do lobista 100 mil marcos em dinheiro. Walther Leisler Kiep, ex-tesoureiro, o secretário de Estado do Ministério da Defesa no governo Kohl, Holger Pfahls, e o filho do famoso político da Baviera Franz Josef Strauss, Max Strauss, também tiveram seus nomes envolvidos.

Depois do escândalo, Kohl teve que renunciar à presidência de honra da CDU e Schäuble, à presidência do partido, bem como à liderança da bancada no Bundestag (câmara baixa do Parlamento).

A queda de Kohl e Schäuble abriu caminho para a ascensão da atual chanceler federal, Angela Merkel, que cobrou explicações de Kohl em artigo no jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung.

O escândalo de financiamento ilegal da CDU não está no centro do julgamento em Augsburg, mas a atuação de Schreiber como lobista. Caso ele seja condenado, pode pegar até 15 anos de prisão. O julgamento deve seguir até maio.

NP/dpa/afp
Revisão: Alexandre Schossler