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FutebolCatar

Com gols de jogadores da Bundesliga, Japão vence a Alemanha

Philip Verminnen | Guilherme Becker
23 de novembro de 2022

Seleção alemã saiu na frente, mas sofreu virada no final. Durante a foto oficial do time, jogadores da Alemanha colocaram a mão na boca em protesto contra proibição de braçadeira pró-diversidade pela Fifa.

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Ritsu Doan, que atua no Freiburg, corre para comemorar o gol de empate do Japão contra a Alemanha
Ritsu Doan, que atua no Freiburg, corre para comemorar o gol de empate do JapãoFoto: Jewej Samad/AFP

Com uma virada no final do jogo, o Japão surpreendeu e venceu a Alemanha por 2 a 1 na tarde desta quarta-feira (23/11), na estreia das duas seleções na Copa do Mundo de 2022, em Doha, no Catar. Com o resultado, a Nationalelf amarga a sua segunda derrota consecutiva em jogos de abertura de Mundiais: em 2018, a seleção alemã havia sido derrotada pelo México, fato que, na época, interrompeu uma sequência de sete estreias com vitória, de 1990 a 2014.

A Alemanha abriu o placar com um gol de pênalti, cobrado pelo volante Gündogan no primeiro tempo. No segundo, porém, dois jogadores que atuam no futebol alemão levaram o Japão à vitória em uma virada com gols aos 30 e aos 38 minutos, com Doan, que atua no Freiburg, e Asano, que joga no Bochum.

Em meio à polêmica sobre as braçadeiras de capitão, o goleiro Manuel Neuer repetiu o inglês Harry Kane e usou uma com a frase "não à discriminação". Na pose para a foto oficial pré-jogo, os jogadores alemães colocaram uma mão em frente à boca – uma mensagem de que teriam sido silenciados.

Antes de jogo contra o Japão, equipe alemã protestou contra proibição imposta pela Fifa
Antes do jogo, equipe alemã protestou contra proibição imposta pela FifaFoto: Ebrahim Noroozi/AP Photo/picture alliance

Várias seleções europeias tinham a intenção de usar uma braçadeira pró-diversidade com as cores do arco-íris – um símbolo da causa LGBTQ, mas a Fifa vetou o gesto. Relatos apontam que as seleções foram ameaçadas com punições esportivas – cartões amarelos e perda de pontos, por exemplo – e multas.

A Federação Alemã de Futebol (DFB) divulgou em suas redes sociais uma foto dos jogadores realizando o protesto e uma mensagem explicando as suas razões.

"Com a nossa braçadeira de capitão queríamos dar o exemplo dos valores que vivemos na seleção: a diversidade e o respeito mútuo. Junto com outras nações, queríamos que nossa voz fosse ouvida. Não se trata de uma mensagem política: os direitos humanos não são negociáveis. Isso deveria ser óbvio. Infelizmente ainda não é. É por isso que esta mensagem é tão importante para nós. Banir o uso da braçadeira é como calar a nossa voz."

Confronto inédito em Copas

Alemanha e Japão nunca haviam se enfrentado em Copas – o último confronto havia sido um amistoso em 2006, que terminou em 2 a 2.

Embora ambos os países estejam muito distantes geograficamente, o duelo pôde ser interpretado como um dos mais germânicos desta Copa: iniciariam a partida 13 jogadores que costumam se enfrentar na Bundesliga. Dos 11 titulares da Alemanha, cinco atuam no Bayern de Munique, além de dois no Borussia Dortmund e um no RB Leipzig, enquanto do lado japonês o treinador Hajime Moriyasu começou o jogo com cinco jogadores que atuam na liga alemã.

O jogo

A Alemanha teve o maior número de finalizações num primeiro tempo da Copa, até então: 14, cinco delas no alvo. E dos últimos 21 jogos em Mundiais em que foi ao intervalo na frente do marcador, a Alemanha acabou por vencer 20 – única exceção havia sido em 2002, quando empatou com a Irlanda em 1 a 1.

Quem começou assustando, no entanto, foi o Japão, que teve um gol anulado logo aos sete minutos. Após o volante Gündogan perder a bola no meio de campo, o atacante Junya Ito foi lançado na ponta-direita e cruzou rasteiro para Maeda vencer Neuer. O atacante, porém, estava impedido.

A primeira boa chance da Alemanha ocorreu somente aos 16 minutos, quando o zagueiro Rüdiger cabeceou para fora, com a bola passando perto da trave esquerda do goleiro Gonda.

Com um controle um pouco maior no meio-campo, a seleção alemã chegou novamente com força aos 19 minutos, em um chute de fora da área de Kimmich que foi defendido pelo arqueiro japonês.

Aos 27, uma boa troca de passes depois de um corta-luz de Gnabry na ponta-direita e passe de Müller para o meio resultou em um chute desferido por Gündogan no meio do gol, sem perigo para Gonda.

A pressão alemã continuou: um minuto depois, outra troca precisa de passes resultou em cruzamento da esquerda que o goleiro japonês espalmou para o meio da área. Novamente Gündogan chutou firme, mas em cima da zaga.

A insistência deu resultado aos 32 minutos, quando Kimmich lançou Raum, livre, no lado esquerdo da grande área. Ele driblou o goleiro, mas foi derrubado. Pênalti. Gündogan bateu no meio do gol e marcou o primeiro da Alemanha no Mundial.

Com o penal convertido por Gündogan, a Alemanha marcou 20 das suas últimas 21 penalidades em Copas. Nesta sequência, a única cobrança perdida ocorreu no Mundial de 2010, desperdiçada por Lukas Podolski.

Acuado, o Japão arriscou pouco – exceção a uma cabeçada de Maeda aos 50 minutos – e tratou de se defender. Do outro lado, a Alemanha teve ainda duas boas chances para ampliar antes do fim do primeiro tempo: primeiramente, com Musiala, em um chute de fora da área. Depois, com Harvetz, que teve um gol bem anulado por impedimento.

Os jogadores da seleção alemã, Müller e Güdongan, correm para comemorar um gol na Copa do Catar.
Müller (à esquerda) corre para comemorar com Gündogan, autor do primeiro gol da Alemanha no MundialFoto: Jewel Samad/AFP

Segundo tempo

A Alemanha voltou para a etapa final dispota a manter a pressão. Logo a um minuto, Musiala arrancou da defesa e passou para Gnabry, que chutou por cima. Aos cinco, Musiala invadiu a área e passou por quatro japoneses, mas bateu por cima no que seria o golaço da Copa até agora. Aos 14, Gündogan chutou rasteiro e acertou a trave de Gonda.

O Japão começou a arriscar mais e a ensaiar uma pressão, embora custasse a acertar o alvo. Aos 22 minutos, por exemplo, Rüdiger bloqueou uma finalização de Asano.

Na sequência, o goleiro japonês foi o protagonista de quatro defesas em menos de um minuto: as duas primeiras em uma sequência de chutes dentro da área. As seguintes, após uma cabeçada à queima-roupa e um rebote. Do outro lado, Neuer também fez grande defesa aos 27 minutos.

A Alemanha, no entanto, perdeu tantas chances que, em vez de ampliar, cedeu o empate ao Japão aos 30 minutos, quando Neuer rebateu para o meio da área um cruzamento da esquerda, e a bola caiu nos pés de Doan, jogador do Freiburg.

Aos 38, um lançamento longo encontrou Asano na ponta-direita. Schlotterbeck não conseguiu cortar e perdeu na corrida para o atacante japonês, que, quase sem ângulo, chutou forte, no alto, no meio do gol para vencer Neuer e decretar a virada e a vitória inédita japonesa.

Alemanha e Brasil correm pela hegemonia no número de partidas em Mundiais. Embora o Brasil tenha um título a mais, as duas seleções entraram nesta Copa empatadas em partidas disputadas. A Alemanha disputou contra o Japão seu 110º jogo – número que será igualado pela Seleção nesta quinta-feira. As duas seleções, obviamente, terminarão a fase de grupos igualadas neste quesito.