1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
SaúdeChina

China reabre fronteiras após quase três anos

8 de janeiro de 2023

Às vésperas do feriado do Ano Novo Lunar, país asiático permitiu a entrada de visitantes internacionais pela primeira vez desde março de 2020, abandonando de vez a política de "covid zero".

https://p.dw.com/p/4LsUQ
Pessoas de máscara passam por catracas
China permitirá ingresso de 60 mil pessoas de Hong Kong diariamenteFoto: Tyrone Siu/REUTERS

Após quase três anos, a China reabriu neste domingo (08/01) suas fronteiras para visitantes internacionais. No começo do dia, milhares de moradores de Hong Kong, um território semiautônomo chinês, já lotavam trens, aeronaves e balsas para rever familiares no continente pela primeira vez desde março de 2020.

No posto de controle de Hekou, que liga a China ao Vietnã, as atividades comerciais foram retomadas e muitas pessoas levaram flores para abraçar familiares e amigos, noticiou o jornal oficial Global Times.

O domingo também marcou o fim da quarentena de sete dias obrigatória aos viajantes que chegam à China. O primeiro voo a se beneficiar da mudança foi o CZ312, que partiu da cidade canadense de Toronto e pousou em Cantão, no sul do país asiático.

Quando a covid-19 foi declarada pandemia há quase três anos, Pequim fechou as fronteiras com todos os países para conter a disseminação do coronavírus e adotou estritas medidas de quarentena em todo o país, confinando milhões de pessoas e exigindo testes em massa, no que ficou conhecida como política de "covid zero".

No entanto, desde dezembro de 2022, o governo chinês vem abandonando a maior parte das estritas restrições, após uma onda de protestos contra o regime comunista – os maiores desde 1989, em um país onde manifestações contra o governo são fortemente reprimidas.

Ano Novo Lunar

A  flexibilização das restrições ocorre apenas um dia após o início do período de 40 dias conhecido em chinês como "chunyun", a maior migração anual do mundo, que ocorre todos os anos durante o Ano Novo Lunar, que em 2023 cairá entre 21 e 27 deste mês. No período, espera-se que dezenas de milhares de cidadãos chineses que estão no exterior voltem ao país. Além disso, também será o primeiro Ano Novo Chinês desde 2020 sem restrições de viagens domésticas.

"Faz mais de três anos desde a última vez que vi meus pais, e a reabertura significa que nossa família pode finalmente se reunir", disse à DW Tony Wang, um estudante chinês na Austrália.

"Estamos planejando uma reunião de família desde que Pequim anunciou o plano para facilitar o controle de fronteira no mês passado e, com sorte, todos podemos comemorar o Ano Novo Lunar em algumas semanas", afirmou Wang.

Homem de máscara abraça mulher de máscara em um terminal de aeroporto
Famílias puderam se reencontrar após quase três anosFoto: Thomas Peter/REUTERS

Euforia comedida

Apesar das filas e da euforia de muitos, algumas pessoas estão céticas quanto à reabertura das fronteiras. Isso porque a China vive a maior onda de casos de covid-19 desde o começo da pandemia.

"No momento em que o governo chinês falha em conter a pandemia doméstica de covid-19, de repente decide relaxar as medidas e agora ela se espalhará para Hong Kong e para o resto do mundo", disse um morador de Hong Kong à DW, que preferiu não se identificar por medo de represálias.

Por enquanto, a China permite a entrada de 50 mil pessoas por dia vindas de Hong Kong, mediante registro online prévio – cerca de 410 mil já haviam se cadastrado para entrar no país, informou o jornal South China Morning Post

Na direção oposta, 6,6 mil viajantes da China conseguiram cruzar a fronteira para Hong Kong, apresentando um teste de PCR negativo feito nas últimas 48 horas.

Apenas alguns voos internacionais pousaram nos principais aeroportos chineses neste domingo, em parte devido ao temor quanto ao grande número de infecções por covid-19 no país.

Portugal se tornou o último país europeu, no sábado, a introduzir requisitos de teste covid-19 para pessoas que chegam da China. A Alemanha desaconselhou viagens ao país asiático, e a Itália pressiona para que a União Europeia passe a exigir testes de quem chegar da China.

Neste domingo, o Japão aumentou os controles de fronteira para viajantes provenientes da China, exigindo um teste PCR negativo nas 72 horas anteriores à viagem. 

A esta exigência se une a obrigatoriedade dos viajantes provenientes da China se submeterem a mais um teste PCR adicional no desembarque. Qualquer pessoa que teste positivo ao pousar deve observar uma quarentena obrigatória de sete dias. 

"Decidimos aumentar essas medidas temporárias levando em consideração os resultados dos testes de PCR daqueles que entraram no Japão vindos da China continental durante os feriados de fim de ano", disse o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida. 

O premiê acrescentou que o governo continuará solicitando às companhias aéreas que não aumentem o número de voos diretos entre o Japão e a China. 

Estimativa de até 1,7 milhão de mortes

Embora a flexibilização das restrições tenha como objetivo revigorar a economia chinesa, a reabertura caótica sinaliza que o caminho para a recuperação será mais difícil, já que as pessoas estão mais cautelosas com o futuro.

Uma chinesa de sobrenome Liu disse à DW que, embora as notícias sobre a reabertura da China tenham sido animadoras, ela acha que "a pandemia prejudicou a economia chinesa e muitas pessoas ainda estão lutando financeiramente".

"Vai demorar um pouco para muitas pessoas colocarem suas vidas de volta aos trilhos", acrescentou.

Desde o fim da estratégia de "covid zero", o coronavírus se alastra de forma desenfreada pela China, com hospitais superlotados e crematórios operando acima do limite. O governo chinês parou de publicar dados oficias de casos e de mortes por covid-19.

No entanto, de acordo com estimativas da empresa de dados Airfinity, com sede em Londres, 2,5 milhões de pessoas são infectadas na China diariamente, com cerca de 16,6 mil óbitos diários devido à doença por dia. Segundo essas estimativas, já houve 209 mil mortes. De acordo com as projeções, o número de óbitos no país pode chegar a 1,7 milhão até o final de abril.

No final de dezembro, a China anunciou que voltaria a emitir, a partir de 8 de janeiro de 2023, passaportes para cidadãos chineses que desejem viajar ao exterior a turismo ou para visitar amigos e familiares.

le (EFE, AP, DW, ots)