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Especialistas identificaram nesta quarta-feira (08/06) vestígios da perigosa cepa O104:H4 em restos de pepinos encontrados em latas de lixo na cidade alemã de Magdeburg, no estado da Saxônia-Anhalt. O lixo pertence a uma família infectada com a cepa da Escherichia coli, que já causou 25 mortes na Alemanha nas últimas três semanas e vem se espalhando pela Europa. Os especialistas não descartam, no entanto, que os pepinos possam ter sido contaminados por outro alimento dentro da lata do lixo.

Os restos do vegetal estavam no lixo há pelo menos uma semana e meia. "Não conseguiremos mais identificar sem sombra de dúvidas como a bactéria se instalou ali", disse o porta-voz da secretaria estadual da Saúde, Holger Paech. Ele ressalta, inclusive, que não está descartada a hipótese de que a família já pudesse estar infectada, e que teria contaminado os pepinos posteriormente.

Não foi identificada a presença da EHEC em outros locais frequentados pelo pai, pela mãe – ambos com 50 anos – e pela filha adulta, apesar das buscas. Os investigadores estão analisando todos os supermercados nos quais os três costumam fazer compras. Em nenhum lugar as amostras apresentaram anormalidades que chamassem a atenção.

Segundo informações oficiais, o pai foi levemente afetado pela bactéria. Já a mãe precisou receber tratamento e está prestes a deixar o hospital. A filha, no entanto, teve o quadro evoluído para síndrome hemolítico-urêmica (HUS), a pior forma da doença, mas se recupera bem. O estado de Saxônia-Anhalt teve até agora 32 casos de EHEC, sete dos quais evoluíram para HUS.

Enquanto ainda não se consegue definir com segurança qual a fonte de contaminação da EHEC no país, permanece a recomendação para que a população evite alface, pepinos e tomates crus.

Gestão da crise

A crise gerada pela disseminação da bactéria parece não ter fim. Sem respostas para dar à população, o governo de Angela Merkel vem recebendo duras críticas da oposição e até do Parlamento Europeu. Nesta quarta-feira, as autoridades ligadas às pastas da Saúde e da Defesa do Consumidor – em âmbitos federal e estadual – fizeram uma reunião extraordinária em Berlim para discutir o problema.

O ministro alemão da Saúde, Daniel Bahr, rejeitou a sugestão de que a coordenação da crise seja passada a um órgão central: "Não tenho motivos para duvidar da cooperação entre os governos federal e estaduais", defendeu. Ele concordou, no entanto, em analisar melhor a gestão da crise assim que a situação se estabilizar.

Mais ajuda

No setor agrícola também são grandes as reclamações. Depois de anunciar uma ajuda de 150 milhões para produtores prejudicados com a queda das vendas de seus produtos, a Comissão Europeia decidiu, num encontro desta quarta-feira em Bruxelas, aumentar a oferta para 210 milhões. Os países-membros agora precisam aprovar o auxílio.

A medida visa minimizar os estragos causados pela vertiginosa queda no consumo de hortaliças cruas. Além dos produtores de alface, tomate e pepinos, também receberão suporte financeiro agricultores que vendem abobrinhas e pimentões, que viram suas vendas despencar com o surto da EHEC. Eles poderão ter cobertas até 70% de suas perdas.

MS/dpa/rts/afp
Revisão: Roselaine Wandscheer