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Cavalgar

11 de agosto de 2007

Em alguns países, cavalgar costuma ser um luxo reservado às classes mais abastadas. Na Alemanha, porém, o esporte está ao alcance das massas – o que impulsiona não apenas a atividade, mas também seu fator econômico.

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Cavalgar é paixão de muitos alemãesFoto: AP

Nos últimos anos, a Alemanha tem testemunhado uma espécie de renascimento na arte de cavalgar. O país tem hoje mais de 1 milhão de cavalos e pôneis trotando por seu território, onde a indústria eqüestre responde por cerca de 300 mil empregos e gera pelo menos 6 bilhões de euros por ano.

Há 40 anos, o panorama era outro: o número de cavalos no país era um quarto do atual, e as pessoas que tinham o esporte como hobby eram consideradas um pouco fora de seu tempo.

Mosel, Traben-Trabach, Dossier, Deutschland Entdecken
Cavalos à beira do MoselaFoto: M.Nelioubin

Thomas Hartwig, porta-voz da Federação Eqüestre Nacional, explica o que mudou de lá para cá. Ele conta que, a partir do momento em que cavalos foram redescobertos para atividades de esporte e lazer, a Alemanha desenvolveu um sistema para simplificar o processo de ensinar a cavalgar, tornando a aprendizagem mais simples tanto para o aprendiz quanto para o próprio cavalo. Como assim?

"A Alemanha fez o que sabe fazer melhor e criou um código de cavalgada altamente sistemático e universal, ao qual todos os treinadores e alunos têm que se ater", explica ele. "Isso torna aprender a cavalgar muito mais fácil aqui do que em países como a Inglaterra, onde há diversos códigos diferentes."

O que a Alemanha também conseguiu fazer foi tornar o ato de cavalgar acessível a todos. Graças aos mais de 7.600 clubes eqüestres e às 3.300 fazendas de cavalos no país, alemães e turistas apaixonados pelo animal têm amplas possibilidades de cavalgar a preços acessíveis no país todo.

"Na Suíça, por exemplo, é muito caro manter cavalos, o que faz com que algumas classes da sociedade sejam excluídas do esporte", diz Hartwig. "Na Alemanha, por outro lado, pessoas de todos os grupos sociais andam a cavalo."

O turismo visto da sela

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No inverno da Baviera, passeio de trenó para turistasFoto: AP

Não só da Alemanha, aliás, como turistas do mundo todo: o turismo voltado para a atividade é explorado em estados como a Baviera, Schleswig-Holstein e, sobretudo, a Baixa Saxônia.

Neste último estado, a Associação de Férias e Lazer no Campo criou uma brochura voltada para férias a cavalo, montando roteiros onde os turistas passam o dia sobre o lombo dos quadrúpedes, fazem uma refeição no meio do caminho e de noite chegam ao local onde vão pernoitar.

O projeto, chamado Bett & Box (literalmente, cama e caixa, referindo-se à estrebaria), lista 400 estabelecimentos de lazer a cavalo na Baixa Saxônia. Há opções de hospedagem para todos os bolsos, de hotéis luxuosos aos chamados Heuhotels – hotéis de feno, onde os turistas dormem sobre macias camas de feno em celeiros. Há também sugestões tanto para quem viaja com o próprio cavalo quanto para quem chega sem o "companheiro".

Atrações para assistir ou participar

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Cavaleiros galopam no baixio do Mar do Norte, na anual corrida de DuhnenFoto: AP

O estado tem outros atrativos, como as corridas de Duhnen, onde cavaleiros galopam pelo mar de baixios no norte, uma vez por ano, na tradição inaugurada em 1902; e a região de Emsland, onde 1.100 quilômetros de trilhas para cavalos recentemente receberam placas para ninguém se perder pelo caminho.

A Baviera também promove o turismo voltado para cavalgadas. No portal voltado para a atividade, lista opções para todos os gostos: passeios em pôneis para crianças, cavalgadas por florestas para adultos e aulas para quem está começando.

O mesmo vale para Schleswig-Holstein, que oferece 2 mil quilômetros de trilhas sinalizadas e diversos eventos ao longo do ano.

Os amadores não precisam ficar tímidos pelo fato de o esporte ser tão disseminado na Alemanha. Até porque muitos o encaram como um hobby, e apenas uma minoria tenta seguir os passos de profissionais e campeões de hipismo.

Segundo Hartwig, muita gente não está a fim de encarar o compromisso exigido para chegar ao topo no esporte. "Para tornar-se profissional, é preciso ou fazer disso uma carreira ou ter dinheiro o suficiente para trabalhar pouco e treinar muito", diz ele.

Evento internacional com clima caseiro

Weltfest des Pferdesports, CHIO Aachen 2007, 3. - 8. Juli
Salto sob olhares da platéia no Chio Aachen 2007Foto: presse/CHIO Aachen

Um dos exemplos da relação harmoniosa do país com a atividade é o Concurso Hípico Internacional Oficial (Chio), em Aachen, que neste ano atraiu 338 mil pessoas.

Trata-se do maior evento do gênero no mundo, atraindo competidores e visitantes de todos os cantos do globo e oferecendo um total de 1,6 milhão de euros em prêmios. Ainda assim, não deixou o sucesso se sobrepor a suas raízes populares.

O evento, afirma seu diretor geral, Michael Mronz, é um festival do povo. Mronz está comprometido em manter essa tradição, e busca paralelamente novas maneiras de atrair novos fãs.

"As pessoas vêm assistir competições de nível mundial e participam de um evento de alta classe por apenas 5 euros", diz.

Cavalos e cavaleiros alemães se destacam

A próximo edição do evento acontece de 1 a 6 de julho de 2008. Em julho último, o público pôde assistir a alguns dos principais competidores do mundo, e muitos deles vinham do próprio país.

"A Alemanha é uma das, senão a principal, nações mais fortes no esporte de cavalgar, seja qual for a modalidade. Isso porque temos tantos cavalos e tantos adeptos do esporte no país", diz Hartwig.

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A silhueta dos cavalos vista no amanhecerFoto: AP

E não são só os cavaleiros alemães que se destacam internacionalmente. Enquanto nos anos 60 e 70 o comum era comprar cavalos da Inglaterra ou da Irlanda, hoje os animais alemães têm mais prestígio. Tanto que, atualmente, 50% dos cavalos vendidos em leilões na Alemanha são enviados para o exterior.

"Ninguém tem tantos cavalos bons quanto a Alemanha", diz Hartwig, lembrando que as pessoas não estão comprando apenas os animais criados no país, como também o código de treinamento que vem com eles: "É um hit de exportação." (tw/jc)