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Vaca louca faz Brasil suspender exportação de carne à China

23 de fevereiro de 2023

Ocorrência da doença foi registrada no Pará. Segundo Ministério da Agricultura, animal foi abatido, e carcaça, incinerada. Suspeita é de que o caso seja atípico, ou seja, sem risco de transmissão a seres humanos.

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Gado ao ar livre
Até hoje, o Brasil não registrou nenhum caso clássico de vaca louca, em que há transmissão de um animal para outroFoto: Flávio Forner

O governo federal suspendeu a partir desta quinta-feira (23/02) a exportação de carne bovina para China, após a confirmação de um caso de vaca louca no Pará.

"Seguindo o protocolo sanitário oficial, as exportações para a China serão temporariamente suspensas a partir desta quinta-feira", diz o comunicado divulgado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária.

A medida é padrão nesses casos, estando prevista num acordo sanitário com o país asiático. 

O caso foi informado à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e amostras foram enviadas para o laboratório referência da instituição em Alberta, no Canadá, para determinar se a ocorrência se trata de um caso clássico, em que há transmissão de um animal para outro, ou atípico, em que a doença se desenvolve de forma espontânea na natureza, geralmente em animais mais velhos.

A Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) não especificou o município onde o caso foi registrado, informando apenas que ocorreu numa pequena localidade no sudeste paraense, numa propriedade com 160 cabeças de gado, que foi isolada, inspecionada e interditada preventivamente.

O animal infectado foi abatido, e sua carcaça, incinerada, informou o Ministério da Agricultura e Pecuária. Ele era criado em pasto, sem ração.

Em comunicado, a Adepará destacou que trabalha com a hipótese de caso atípico, sem risco de disseminação ao rebanho e a seres humanos. A morte em pasto aumenta as chances de que o suposto caso de vaca louca tenha se originado de forma atípica, espontaneamente na natureza, em vez de ser transmitido pela ingestão de ração animal contaminada. Isso, em tese, reduz as chances de imposições de barreiras comerciais.

"Todas as providências estão sendo adotadas imediatamente em cada etapa da investigação, e o assunto está sendo tratado com total transparência para garantir aos consumidores brasileiros e mundiais a qualidade reconhecida da nossa carne", afirmou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

O Brasil é um dos maiores exportadores de carne bovina do mundo e tem no mercado chinês mais da metade das vendas neste segmento. No total, o país exportou 13,09 bilhões de dólares de carne bovina em 2022, o que representa um aumento de 42% em relação ao ano anterior.

Sem casos transmissíveis

Os últimos casos de vaca louca registrados no Brasil ocorreram em setembro de 2021, em Minas Gerais e Mato Grosso. Na ocasião, os casos eram atípicos, mas a China suspendeu a compra de carne bovina brasileira por três meses, até dezembro daquele ano.

Até hoje, o Brasil não registrou nenhum caso clássico de vaca louca, provocado pela ingestão de carnes e pedaços de ossos contaminados.

Causado por um príon, molécula de proteína sem código genético, o mal da vaca louca é uma doença degenerativa também chamada de encefalite espongiforme bovina. As proteínas modificadas consomem o cérebro do animal, tornando-o comparável a uma esponja.

Além de bois e vacas, a doença acomete búfalos, ovelhas e cabras. A ingestão de carne e de subprodutos dos animais contaminados com os príons provoca, nos seres humanos, a encefalopatia espongiforme transmissível.

O mal da vaca louca foi identificado na década de 1980. No auge da epidemia no Reino Unido, em 1992, mais de 37 mil casos foram confirmados. A doença pode ser transmitida ao homem pela ingestão de carne contaminada e permanecer incubada por décadas. Quando ataca, a doença degenerativa é incurável e leva à morte.

le/lf (Lusa, ABR)