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Otan

30 de março de 2009

Por ocasião dos 60 anos da Otan, brigada franco-alemã é lembrada como modelo para tropa europeia. Na prática, a ação conjunta de soldados dos dois países ainda é reduzida.

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Brigada franco-alemã ainda tem pouca ação conjuntaFoto: picture-alliance/ dpa

As forças francesas hoje já trabalham estreitamente com os outros membros da Otan, seja no Kosovo, no Afeganistão ou no projeto-modelo da defesa europeia: a brigada franco-alemã.

A questão do idioma é uma das peculiaridades e ao mesmo tempo uma dificuldade dentro da brigada. "O desafio especial é que não precisamos trabalhar com uma língua estrangeira, mas sim com duas. Nas missões, tudo é em inglês, para que possamos cooperar nas ações internacionais", explica o general Andreas Berg, comandante da unidade.

O então premiê alemão Helmut Kohl e o ex-presidente francês François Mitterand criaram a brigada franco-alemã em 1989, como sinal político da cooperação entre os dois países na Europa e também como modelo para uma futura tropa europeia. Na época, a criação da brigada foi uma verdadeira sensação e até hoje o assunto ainda é controverso para alguns políticos.

Contato reduzido

Soldados, como o operador de grua David Waibel, por exemplo, que pertence à nova geração da brigada, são remanejados com prazer para as belas regiões vinícolas da fronteira entre Alemanha e França. Trabalhando numa oficina de montagem de veículos, ele, no entanto, acaba percebendo muito pouco do "espírito franco-alemão" da brigada, pois seus colegas franceses consertam seus veículos na oficina do lado.

O contato entre os dois lados acaba sendo mínimo, conta Waibel. Teoricamente, ele poderia consertar também veículos franceses, o que não é previsto pelo regulamento da brigada. "Cada um é responsável pelo seu", diz Waibel. Também na hora das refeições há mesas para soldados alemães, mesas para soldados franceses e outras para os funcionários civis.

Modelo para tropa europeia

Deutsche und französische Friedenstruppen in Sarajevo
Soldados alemães e franceses: forças da Otan na BósniaFoto: AP

Totalmente binacional é apenas o gerenciamento da unidade. Nos escritórios de soldados alemães e franceses, ouve-se uma estranha mistura de alemão, francês e inglês, deixando claro que a brigada não é apenas um projeto político, mas poderia ser também o modelo militar para uma tropa europeia. No dia-a-dia, no entanto, isso ainda é pouco visível.

"Por que não nos unimos numa missão comum? Dormir na mesma caserna e comer no mesmo lugar não é problema. Isso qualquer um faz durante as férias. Mas nós somos soldados e estamos aí para exercer uma função específica. E isso nunca experimentamos", critica o comandante francês Robert Lenhardt.

Problemas práticos

De fato, a brigada franco-alemã só teve duas ações conjuntas no exterior nos últimos 20 anos: na Bósnia e no Afeganistão. Mas isso foi há tanto tempo que muitos dos soldados participantes já não estão mais na brigada. As críticas correntes acusam políticos de fornecerem bons equipamentos à brigada para apresentá-la em cerimônias oficiais.

Na prática, porém, costumam bloquear progressos importantes, inclusive do ponto de vista militar. "Não posso dar uma ordem a um soldado alemão. Posso até dar instruções, mas não ordens. Ele está apto a retrucar e me dizer que não posso dar ordens a ele", diz Lenhardt, que é natural da Alsácia [região da França que faz fronteira com a Alemanha].

Passo simbólico

Rumänien NATO Gipfel in Bukarest Angela Merkel und Nicolas Sarkozy
Merkel e Sarkozy: 700 alemães estacionados na AlsáciaFoto: AP

As esperanças de Lenhardt estão nas recentes decisões da premiê alemã Angela Merkel e do presidente francês Nicolas Sarkozy de enviar em breve aproximadamente 700 soldados alemães à região francesa da Alsácia, onde ficarão estacionados. Essa será a primeira presença da brigada também em território francês.

Um passo simbólico, que poderia dar um impulso à aliança. Um possível problema já foi resolvido por alemães e franceses: o que a brigada vai fazer, quando toda a França comemorar, nos dias 11 de novembro e 8 de maio, a vitória contra a Alemanha nas duas Guerras Mundiais? "Comemoramos o dia franco-alemão da coesão com uma marcha comum ou esporte, com um pouquinho de convívio franco-alemão", responde Lenhardt.

Autor: Andreas Noll

Revisão: Rodrigo Rimon