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Bolsonaro não recorre de absolvição de esfaqueador

17 de julho de 2019

Em junho, presidente havia afirmado que "iria até as últimas consequências" para contestar a sentença de Adélio Bispo. Sem recurso, processo foi encerrado. Agressor foi considerado inimputável pela Justiça.

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Brasilien Messerattacke auf Präsidentschaftskandidaten Jair Bolsonaro
Bolsonaro foi alvo de um ataque com faca em 6 de setembro, quando participava de um ato de campanha em Juiz de Fora Foto: Getty Images/AFP/R. Leite

A Justiça Federal em Juiz de Fora (MG) divulgou nesta terça-feira (16/07) que não foram apresentados recursos à sentença que em junho absolveu Adélio Bispo de Oliveira, o homem que esfaqueou o presidente Jair Bolsonaro em 2018. O agressor foi considerado inimputável e o juiz do caso determinou sua internação por tempo indeterminado.

Sem recursos, a sentença transitou em julgado e o processo foi encerrado. Adélio não pode mais ser condenado pelo crime. Tanto Bolsonaro quanto o Ministério Público Federal não contestaram a sentença.

À época da divulgação da decisão, Bolsonaro reagiu com indignação, disse que pretendia recorrer e iria até "as últimas consequências" para rever sentença.

"Estou tomando as providências jurídicas, vou recorrer", disse na ocasião. Ele também afirmou que seria importante evitar que o caso transitasse em julgado para que Adélio tivesse "oportunidade de falar" quem supostamente encomendou o crime. 

"Se não houver recurso e for transitado em julgado, caso Adélio queira falar que quem pagou a ele para tentar me assassinar, não tem mais valor jurídico, ele é maluco", disse Bolsonaro. "É um crime contra um candidato à Presidência da República que atualmente tem mandato e devemos ir até as últimas consequências nessa situação."

Desde o episódio da facada, o presidente vem afirmando acreditar que Adélio fazia parte de uma conspiração, contestando as conclusões da Polícia Federal de que o agressor agiu sozinho. No entanto, segundo site G1, os advogados de Bolsonaro não apresentaram recurso após serem intimados pela Justiça para responder se desejavam recorrer da sentença. O mesmo ocorreu com o Ministério Público no dia 17 de junho.

No dia 14 de junho, o juiz Bruno Savino, da 3ª Vara da Justiça Federal em Juiz de Fora, decidiu que Adélio era inimputável por apresentar problemas psicológicos. Na sentença, o juiz aplicou o mecanismo da "absolvição imprópria", previsto quando uma pessoa não pode ser condenada por ser inimputável, e determinou a internação de Adélio por tempo indeterminado na Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo Grande (MS).

Brasilien Messer von Attentäter auf Bolsonaro Adelio Bispo de Oliveira
Faca usada por Adélio no ataque contra BolsonaroFoto: picture-alliance/AP/Military Police

O juiz determinou ainda que um novo exame para averiguar a periculosidade de Adélio seja realizado em três anos. A penitenciária possui instalações para o tratamento.

Adélio foi acusado pelo Ministério Público Federal pelo crime de "atentado pessoal por inconformismo político", com base na Lei de Segurança Nacional. Caso não fosse considerado inimputável, a pena de Adélio poderia alcançar até 20 anos.

Em maio, o juiz Bruno Savino já havia determinado, com base em avaliações psiquiátricas – inclusive com uma entrevista feita por um médico indicado pela defesa de Bolsonaro, que Adélio, de 40 anos, é "portador de Transtorno Delirante Persistente" e que não poderia ser punido criminalmente.

"A conduta criminosa foi consequência direta da doença mental ativa e a presença dos sintomas psicóticos o impediram de compreender a antijuridicidade de sua conduta e de se autodeterminar de acordo com aquele conhecimento."

Na sentença, o juiz escreveu ainda que o laudo psiquiátrico apontou que Adélio acreditava que Bolsonaro "participaria de uma conspiração maçônica, que incluía o extermínio dos militantes dos partidos de esquerda e minorias, e que ele (Adélio) era o escolhido de Deus para salvar o Brasil".

Ainda segundo a sentença, quando já estava preso pelo atentado, Adélio escreveu e enviou uma carta ao juiz solicitando sua transferência para um estabelecimento prisional em Montes Claros (MG), "em razão de o prédio da Penitenciária Federal de Campo Grande ter sido construído com características da arquitetura maçônica, além de o local estar impregnado de energia satânica".

O juiz ainda escreveu que, se solto, Adélio poderia novamente tentar matar Bolsonaro ou até mesmo o ex-presidente Michel Temer.

Bolsonaro foi alvo de um ataque com faca em 6 de setembro, quando participava de um ato de campanha em Juiz de Fora (MG).  Após o atentado, ele fez uma cirurgia inicial na Santa Casa de Juiz de Fora e depois uma segunda, em São Paulo. Ele permaneceu três semanas internado e recebeu alta no final de setembro.

Em janeiro, já ocupando a Presidência, ele foi novamente submetido a uma cirurgia  para a retirada de uma bolsa de colostomia e reconstrução do trânsito intestinal.

JPS/ots

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