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Bolsonaro e Putin conversam sobre fertilizantes e sanções

27 de junho de 2022

Em telefonema, brasileiro ouviu que Rússia seguiria fornecendo fertilizantes para o agronegócio do país. Putin também fez críticas às sanções do Ocidente e disse não ser responsável por crise alimentar mundial.

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Putin e Bolsonaro durante cúpula dos Brics em Brasília, em 2019
Putin e Bolsonaro durante cúpula dos Brics em Brasília, em novembro de 2019Foto: Konstantin Zavrazhin/dpa/picture alliance

O presidente Jair Bolsonaro teve nesta segunda-feira (27/06) uma conversa telefônica com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, na qual o russo garantiu que seu país continuaria a fornecer ininterruptamente fertilizantes para o agronegócio brasileiro.

Segundo um comunicado do Kremlin, Putin "enfatizou que a Rússia está empenhada em cumprir suas obrigações de garantir o fornecimento ininterrupto de fertilizantes russos aos agricultores brasileiros".

O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, e 22% dos fertilizantes utilizados no agronegócio brasileiro são importados da Rússia.

O fornecimento de fertilizantes já havia tópico de conversa entre Bolsonaro e Putin quando o brasileiro o visitou no Kremlin em 16 de fevereiro, oito dias antes da invasão da Ucrânia pela Rússia. "O Brasil é uma potência, em especial no agronegócio, existe muito interesse da nossa parte no comércio de fertilizantes, no que sou grato ao prezado amigo", afirmou Bolsonaro à época.

Putin aproveita para criticar sanções

Durante o telefonema, Putin também descreveu "em detalhes" para Bolsonaro o que vê como causas da difícil situação no mercado mundial de produtos agrícolas e fertilizantes, e enfatizou a importância de restaurar a estrutura do livre comércio desses bens, que segundo ele teria sido "colapsada pelas sanções ocidentais".

Putin tem dito reiteradamente que a Rússia não é culpada pela crise alimentar global, e sim as sanções ocidentais que afetam as exportações do país. O russo alega que as sanções da União Europeia (UE) abrangem os fertilizantes russos, mas a UE afirma que este não é o caso e que também não sancionou produtos agrícolas russos.

No início de junho, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, acusou a Rússia de usar alimentos como "um míssil furtivo contra países em desenvolvimento" e culpou o Kremlin pela iminente crise global alimentar.

Busca por apoio

Putin já havia tentado reunir apoio de outros países contra as sanções do Ocidente que afetam a Rússia durante a cúpula anual dos Brics, na última quinta-feira. O grupo inclui também China, Brasil, Índia e África do Sul.

Durante a cúpula, Putin culpou as "ações impensadas e egoístas de certos países" pela crise econômica global. "Esta situação de crise que se configurou na economia global devido às ações impensadas e egoístas de certos Estados que, usando mecanismos financeiros, essencialmente transferem a culpa por seus próprios erros de política macroeconômica para o mundo inteiro", disse ele no evento.

O presidente da China, Xi Jinping, também fez durante a cúpula fortes declarações contra as sanções do Ocidente aplicadas contra a Rússia, mas Bolsonaro optou por um discurso mais comedido, no qual defendeu a reforma de organizações internacionais como o Conselho de Segurança da ONU e o Banco Mundial para darem mais peso à representação das "economias emergentes" e evitou se posicionar sobre a guerra na Ucrânia.

Putin e Bolsonaro também discutiram no telefonema desta segunda-feira a intenção mútua de fortalecer a parceria estratégica entre os dois países em campos como agricultura e energia, segundo o Kremlin, e falaram sobre "algumas questões" da agenda internacional, incluindo o início da presidência rotativa do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, a partir de 1º de julho.

bl (EFE, Lusa)