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Mundial na China

(rw)1 de outubro de 2007

Analistas esportivos alemães consideram justa a vitória alemã na final da Copa na China, salientam a difícil situação do futebol feminino brasileiro e estão confiantes de que a Alemanha sediará a Copa em 2011.

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Para comentaristas alemães, bicampeonato tornará futebol feminino mais popular no paísFoto: AP

"A final da Copa do Mundo entre Brasil e Alemanha marcou o encontro de dois mundos futebolísticos completamente diferentes. Não apenas do ponto de vista esportivo, no encontro do 'futebol organização' com o 'futebol intuição', a Alemanha conquistou, merecidamente, o título. As diferenças são muito mais profundas […]

Mesmo depois desta quinta Copa do Mundo, o futebol feminino no Brasil deverá continuar sendo a opção das minorias, dos não-privilegiados. A fantástica apresentação de Marta & Cia pode ajudar o futebol feminino, mas, quando retornarem aos treinos, as garotas da "Seleção Feminina" [o jornal publicou a expressão em português], provenientes de favelas ou vindas da pobreza, não terão tão rapidamente contato com as garotas brancas da classe alta. Os preconceitos só desaparecerão lentamente…

Já na Alemanha as condições do futebol feminino são fantásticas. O incentivo da federação e a aceitação das bases se complementam. Com a ajuda financeira assegurada através do futebol masculino e o apoio político de Berlim, quase não há mais dúvidas de que a próxima Copa feminina, em 2011, será na Alemanha."

Michael Horeni (Frankfurter Allgemeine Zeitung, Frankfurt)

"O futuro do futebol toma contornos cada vez mais femininos, acima de tudo na Alemanha. Se em 2004 havia 3.400 equipes femininas de juniores no país, no final do ano passado já eram 6.267. […] Depois da Copa dos EUA, o número de praticantes da modalidade cresceu rapidamente, o que deverá verificar-se também agora.

Mesmo assim, o futebol feminino ainda não chegou aonde deveria. As jogadoras estão longe de poderem viver só do futebol. Em sua maioria, são amadoras. Está na hora de os clubes criarem estruturas profissionais e procurar patrocinadores. O futebol feminino tem de deixar de ser um evento apenas a cada quatro anos."

Markus Völker (Tageszeitung − TAZ, Berlim)

"Quem diria: o que as jogadoras alemãs mostraram em campo em Xangai neste domingo (30/09), era proibido há 37 anos! Só em 1970, a DFB extinguiu a proibição do futebol feminino. As brasileiras até tiveram de esperar mais 12 anos para poderem jogar. E, há poucos anos, uma associação de São Paulo quis organizar um torneio de futebol apenas com jogadoras bonitas, para mostrar que também "mulheres de verdade" jogam futebol.

Proibido, ridicularizado e malvisto: "Eu mesma passei pelo inferno", disse recentemente a estrela brasileira Marta, melhor jogadora do Mundial na China. Na Alemanha, a situação é um pouco mais confortável. A defesa do título pelas sensacionais jogadoras alemãs […] deverá criar uma nova euforia no país. Resta saber se ela será aproveitada para profissionalizar as estruturas do futebol feminino."

Jan Haarmeyer (Hamburger Abendblatt, Hamburgo)

"A final da Copa entre Alemanha e Brasil significa uma ruptura na história do futebol praticado por mulheres. Deve ter ficado claro agora que falar em 'futebol de mulheres' faz tão pouco sentido quanto falar de 'vôlei de mulheres'. O que vimos foi um excelente futebol, praticado por jogadoras de alto nível.

É como no tênis, que têm nomes independentes como o de Justine Henin e de Roger Federer. Ninguém ousaria vê-los como concorrentes. No futebol, deveria ser o mesmo. A popularidade dos clubes, o fanatismo dos torcedores por seus times tem pouco a ver com o desempenho em campo.

Isto está mudando em relação às mulheres que jogam futebol. Em 2007, foram poucos os clubes alemães que não mantêm times de garotas. O bicampeonato em Xangai deverá acelerar ainda mais este processo.

Se a Copa de 2011 realmente for na Alemanha, a empolgação será tão grande que só ousarão fazer a primitiva comparação entre Adão e Eva aqueles que realmente não têm a mínima noção de futebol."

Frank Nägele (Kölner Stadt-Anzeiger, Colônia)