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Biden acompanha chegada de soldados mortos no Afeganistão

29 de agosto de 2021

Presidente americano também se reuniu com familiares dos militares que morreram em atentado cometido por um braço do "Estado Islâmico" em Cabul.

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USA Ankunft der Särge aus Kabul in Delaware |  Joe Biden
Joe Biden na base aérea de Dover, na costa leste dos EUA.Foto: Carolyn Kaster/AP Photo/picture alliance

Joe Biden participou de uma cerimônia neste domingo (29/08) que marcou a chegada aos EUA dos caixões de 13 militares americanos mortos em um ataque terrorista em Cabul.

A cerimônia ocorreu na base militar de Dover, na costa leste dos EUA, a duas horas de Washington. O local há décadas é usado para o retorno dos corpos de soldados mortos no exterior, que chegam em caixões cobertos com a bandeira do país.

Criticado pelo diagnóstico errado da situação no Afeganistão antes da tomada de Cabul pelo Talibã, Biden evitou falar com a imprensa durante a cerimônia.

Biden e sua esposa, Jill, também se reuniram de maneira privada durante a manhã com as famílias de 11 dos soldados mortos, antes de rezar ao meio-dia local (13h no horário de Brasília) diante dos caixões, durante uma cerimônia solene. Os dois outros mortos no atentado serão transportados para cerimônias privadas e sem a cobertura da imprensa a pedido das famílias.

O Pentágono divulgou no sábado as identidades dos 13 soldados mortos no ataque de quinta-feira. Cinco tinham apenas 20 anos, o tempo de duração da guerra mais longa protagonizada pelos Estados Unidos, iniciada em 2001 no Afeganistão.

O caso de uma jovem de 23 anos morta no atentado provocou grande comoção no país. Uma semana antes do ataque, ela foi fotografada com um bebê no colo durante as operações caóticas de evacuação no aeroporto de Cabul, depois da tomada da cidade pelo Talibã.

O atentado, reivindicado pelo grupo "Estado Islâmico Khorasan" (EI-K), grupo rival do Talibã, matou pelo 90 pessoas.

Como represália, as tropas dos Estados Unidos executaram um ataque com drones no Afeganistão e mataram dois integrantes do grupo, ao mesmo tempo que alertaram que este não seria o "último" ataque. Biden disse no sábado que um novo atentado era "muito provável".

Enquanto o casal presidencial estava reunido com as famílias dos militares, o Pentágono anunciou que destruiu um veículo em Cabul e "eliminou uma ameaça iminente do EI-K" contra o aeroporto. Segundo os americanos, foram eliminados terroristas que planejavam um atentado com um carro-bomba.

A 48 horas da data-limite para a saída dos EUA do Afeganistão,  o secretário de Estado Antony Blinken disse  "estamos trabalhando incansavelmente" para retirar os americanos que desejam sair do país. Cerca de 250 pessoas ainda aguardam serem evacuadas, segundo uma fonte da diplomacia americana.

Outros 280 que se apresentam como americanos ainda não decidiram se desejam deixar o país, segundo a mesma fonte. Aqueles que optaram por permanecer no país "não ficarão presos no Afeganistão", declarou ao canal Fox o conselheiro de Segurança Nacional de Biden, Jake Sullivan.

Quase 114.400 pessoas, incluindo 5.500 cidadãos americanos, foram retiradas do Afeganistão em uma grande operação desde 14 de agosto, véspera da tomada de Cabul pelos talibãs.

A gestão caótica da retirada e as mortes de americanos no atentado de quinta-feira, o ataque mais violento contra as forças do Pentágono desde 2011 no Afeganistão, abalaram a presidência de Biden.

"Esta é uma das piores decisões de política externa na história dos Estados Unidos", afirmou neste domingo o influente senador republicano Mitch McConnell. "Muito pior que Saigon", acrescentou, fazendo uma referência ao final da guerra do Vietnã, em 1975, que também foi marcada por uma retirada caótica.

"Quando saímos de Saigon, não ficaram terroristas vietnamitas que planejaram nos atacar em nosso território", afirmou ao canal Fox McConnell, que foi contrário à retirada negociada em 2020 pelo então presidente republicano Donald Trump com os talibãs.

Ben Sasse, outro senador republicano, não escondeu a irritação com o presidente democrata em uma entrevista ao canal ABC.

"Biden colocou em perigo nossas tropas porque não tinha um plano de evacuação", acusou. "Estamos em perigo porque o presidente foi incrivelmente fraco ao abandonar a base de Bagram em julho", até então o centro nervoso das operações da coalizão internacional, 50 quilômetros ao norte de Cabul.

jps (Reuters, AFP, ots)