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Berlim investirá 28 bilhões de euros em transporte público

4 de março de 2019

Governo pretende expandir e melhorar oferta da frota pública para atrair mais usuários e desestimular o uso do carro. Além do trânsito, investimento contribui para diminuir emissões que causam o aquecimento global.

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Estação de metrô em Berlim
Berlim pretende ampliar linhas de metrô, ônibus e bondeFoto: Imago/R. Peters

Os brasileiros que vivem em Berlim ou passaram pela cidade e utilizaram o transporte público puderam perceber a diferença deste sistema para o Brasil: aqui é possível ir para todos os cantos da cidade, não importa a hora do dia ou noite. Já escrevi outras vezes sobre a eficiência do sistema de transporte público da capital alemã, um dos melhores que já conheci.

Apesar de toda a eficiência, há problemas como atrasos, veículos quebrados, superlotação em determinados horários. Por outro lado, há uma preocupação cada vez maior das autoridades em estimular o uso desse sistema, como uma das medidas de combate ao aquecimento global, reduzindo os carros nas ruas e, por consequência, as emissões de gases que provocam o efeito estufa e a poluição que pode causar danos à saúde.

Por isso, para melhorar a qualidade e expandir a oferta, o atual governo da cidade – formado pelo Partido Social Democrata (SPD), Partido Verde e A Esquerda – lançou na semana passada um plano de investimentos no transporte público, que atualmente é administrado pela empresa pública BVG. O governo pretende destinar 28,1 bilhões de euros (cerca de 120 bilhões de reais) até 2035 para reformas e ampliação da atual infraestrutura.

"Meu objetivo é que mais berlinenses possam dizer que não precisam de carro", afirmou a secretária estadual de transporte, Regine Günther, durante o lançamento do plano. "Quanto menos carros nas ruas, mais lugar para aqueles que realmente necessitam do carro", disse a secretária ao jornal Tagesspiegel.

O plano prevê a construção de novas linhas de bonde, que passarão dos atuais 194 quilômetros de trilhos para 267 quilômetros em 2035, a expansão de algumas das linhas de metrô e trens existentes, a compra de novos veículos, além da substituição completa da frota de ônibus convencionais por elétricos até 2030.

A proposta também pretende diminuir para 3,3 minutos o tempo de espera por um metrô nas linhas mais utilizadas e, na rede de ônibus, diminuir para 10 minutos de espera no máximo em linhas onde atualmente esse tempo é maior.

Com a mudança, a BVG espera aumentar sua arrecadação com o crescimento no número de usuários e um pequeno aumento no valor da passagem, cerca de 1,4%. O governo estuda ainda adotar um modelo chamado de "passagem cidadã", no qual todo morador da cidade deverá pagará uma taxa de transporte público. Esse novo imposto contribuirá para a redução geral do valor da passagem. A proposta deve enfrentar resistência daqueles que utilizam pouco o transporte público. Uma pesquisa, porém, revelou que 44% dos berlinenses são a favor da "passagem cidadã".

Esse massivo investimento faz parte das diretrizes de mobilidade urbana, apresentadas em 2017, que focam exclusivamente no transporte público e em medidas para estimular o uso da bicicleta. A proposta fez uma pequena revolução ao colocar em segundo plano o transporte individual, ou seja, os carros, e priorizar o bem comum.

Berlim quer se tornar uma cidade do futuro e solucionar de maneira inteligente problemas enfrentados em quase todos os municípios. A capital alemã deseja ainda alcançar a neutralização do carbono, ou seja, conseguir evitar e compensar todas as suas emissões de CO2. Para isso, precisa diminuir o número de automóveis em circulação, e isso só será alcançado se a população tiver alternativas eficientes de locomoção.

Investir em transporte público, oferecendo opções voltadas a atender as necessidades dos usuários com preços acessíveis adotados por uma empresa pública, que não busca o lucro, mas, sobretudo, garantir a qualidade de um serviço essencial à população, é uma das únicas alternativas para desestimular o uso do carro.

Clarissa Neher trabalha como jornalista freelancer para a DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.

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