Barão de Cocais em alerta permanente
Carros especiais equipados com alto-falante ficam 24 horas por dia estacionados em pontos estratégicos de Barão de Cocais. Os motoristas se revezam em turnos de oito horas e mantêm comunicação com a central de comando.
À espera de um sinal
Carros especiais equipados com alto-falante ficam 24 horas por dia estacionados em pontos estratégicos de Barão de Cocais. Os motoristas se revezam em turno de oito horas e mantêm comunicação com a central de comando, que monitora a barragem de rejeitos Sul Superior da mina do Gongo Soco, pertencente à Vale. Em caso de rompimento, eles circularão pela cidade anunciando a tragédia.
Perigo à vista
Na parte central de Barão de Cocais, áreas que podem ser atingidas pela onda de rejeitos, em caso de rompimento, estão recebendo uma pintura cor de laranja. A sugestão de sinalização foi feita pela Defesa Civil e o trabalho está sendo pago pela Vale. Placas indicando rota de fuga e pontos de encontro também se espalham pela cidade.
Estrada interrompida
Pontos de bloqueio impedem o acesso de veículos e pedestres à chamada Zona de Autossalvamento, em que, em caso de rompimento, a responsabilidade de resgate é da Vale. A via até a comunidade de Socorro (foto) está fechada desde 8 de fevereiro, quando o alarme para moradores evacuarem a área soou de madrugada pela primeira vez.
300 anos de história
A vila do Socorro, fundada há três séculos, está a 1800 metros de distância da barragem Sul Superior da Vale. O local seria arrasado em seis minutos depois de um rompimento, segundo estimativas. A igreja Nossa Senhora Mãe Augusta do Socorro, construída em 1738, foi tombada como patrimônio cultural em 1997. Objetos e imagens sagrados foram retirados depois que o nível de alerta subiu.
Do campo para um quarto de hotel
Até agora, 454 moradores da Zona de Autossalvamento tiveram que deixar suas casas em Barão de Cocais. Além da vila do Socorro, casas em Tabuleiro e Piteiras também foram evacuadas. Adão (foto), que plantava e tinha criação, vive num quarto de hotel com a mãe e o padrasto, sem saber se um dia poderá voltar para a antiga residência.
Dentro da área de inundação
Em caso de rompimento da barragem de rejeitos da Vale em Barão de Cocais, a inundação pode afetar o centro da cidade. Essa região é chamada de Zona de Segurança Secundária, onde Maxwell Andrade (foto) mora juntamente com outras 6 mil pessoas. Ele mobiliza os vizinhos e cobra informações precisas da mineradora responsável.
Mina desativada
A mina do Gongo Soco (foto) foi adquirida pela Vale em 2000. A região foi um importante polo produtor de ouro no século 18. A exploração do minério de ferro no local pela Vale foi encerrada em 2016. Na barragem Sul Superior, atualmente instável, rejeitos foram depositados até 2008. Segundo a Defesa Civil, a estrutura armazena 9 milhões de metros cúbicos desse material.
Vigilância por câmeras
Na região próxima ao centro de Barão de Cocais, um centro de comando instalado desde que a situação se agravou, a mais de 17 quilômetros da estrutura em risco, monitora a barragem. Três câmeras posicionadas estrategicamente geram imagens em tempo real, que são acompanhadas por representantes da Defesa Civil e da Vale. Policiais e Bombeiros também ficam de prontidão.
Turismo e cultura
Com atrativos naturais e históricos, Barão de Cocais sente no comércio e no turismo os impactos trazidos pelo risco de colapso da barragem. Mas a cidade tenta resistir. A Festa da Quitanda, por exemplo, foi mantida no calendário de maio e trará doceiras como Regina Célia da Silva (foto), mantenedora na cidade do método tradicional da produção da goiabada cascão.