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Banco alemão doa obras de arte

16 de setembro de 2010

Um grande banco da Alemanha está mudando sua política em relação à arte e oferece as principais peças de sua coleção a museus escolhidos. O que estará por trás deste presente às instituições públicas?

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'Sem título', de Dan Flavin, (1990), da coleção do CommerzbankFoto: Commerzbank Kunstsammlung

O diretor da Nationalgalerie de Berlim, Udo Kittelmann, mal conseguiu esconder seu entusiasmo ao receber, gratuitamente, valiosas obras de arte, trazidas diretamente ao museu que dirige. Além das obras, a Nationalgalerie ganhou também um milhão de euros. "A partir de hoje, ela está milionária", celebra Kittelmann.

Além da Nationalgalerie de Berlim, serão beneficiados o Museu de Arte Moderna de Frankfurt, o Museu Städel, as Coleções Estatais de Arte de Dresden e as galerias municipais de Dresden.

Commerzbank Kunstsammlung
'Portão I', do dinamarquês Per Kirkeby (1987)Foto: Commerzbank Kunstsammlung

O presente vem do Commerzbank, que também enfrenta problemas com a crise financeira. A mudança na política do banco em relação às artes foi anunciada por seu presidente, Martin Blessing.

"Museu cuida melhor de arte"

Mas por que esta transformação, se até agora era praxe das instituições financeiras encher paredes e salões de conferências com obras de artistas muito ou pouco conhecidos?

Os bancos Commerzbank e Dresdner Bank mantêm ligações com as cidades de Berlim, Frankfurt e Dresden. "Pretendemos devolver algo à sociedade. Nosso objetivo é incentivar a arte, a cultura e a nova geração", salienta Blessing. "Mas para isso não precisamos montar coleções de arte, pois acreditamos que o museu pode cuidar melhor delas".

Trata-se de uma grande reviravolta na política das instituições financeiras em relação à arte, que antes guardavam as obras para si. Desde os anos 1970, o Dresdner Bank vem montando uma ampla coleção internacional. Das cerca de duas mil peças que possui hoje, 100 são consideradas especialmente valiosas.

Commerzbank Kunstsammlung
'Johann Wofgang von Goethe', de Andy Warhol (1982)Foto: Commerzbank Kunstsammlung

E justamente estas serão doadas a cinco museus. A curadora Astrid Kiessling-Taskin vem participando desde 2002 da aquisição das obras: "Estou em parte aliviada com o fato de justamente as peças mais valiosas realmente estarem em boas mãos. Não dispomos dos recursos nem das condições de conservar as obras e nem de cuidá-las, garantindo que ainda possam ser vistas pelas próximas gerações".

Estratégia de marketing

No início deste ano, o Commerzbank vendeu em leilão o objeto de maior renome internacional da coleção do recém incorporado Dresdner Bank: uma escultura do artista suíço Alberto Giacometti (1901-1966) intitulada L'Homme qui marche, pelo valor de 74 milhões de euros, o maior preço da história alcançado por uma peça leiloada .

A soma está sendo agora distribuída, embora a maior parte fique para o próprio banco. Cada um dos cinco museus escolhidos receberá um milhão de euros para trabalhos de restauração e conservação.

Uma distribuição como esta, de obras de uma coleção particular a várias instituições, é provavelmente um fato inédito. Os diretores de outras coleções na Alemanha não pretendem fazer o mesmo.

Commerzbank Kunstsammlung
'Evasão IV', de Franz Ackermann (1996)Foto: Commerzbank Kunstsammlung

O Deutsche Bank, por exemplo, pretende continuar ampliando sua coleção, embora tenha cedido obras ao museu Städel, quando este ampliou suas instalações em Frankfurt. O mesmo acontece com a seguradora Allianz, de Munique, cujos curadores pensam em doar a museus eventualmente apenas "coisas obsoletas, como aquarelas dos anos 1950".

Ao mesmo tempo em que poupa dinheiro com restaurações e com o armazenamento das obras, ao doá-las, o Commerzbank está polindo sua imagem.

Autor: Werner Bloch (rw)
Revisão: Soraia Vilela