Aumenta probabilidade de sanções contra o Irã
7 de outubro de 2006As cinco potências com direito a veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas mais a Alemanha declararam o fracasso de seus empenhos na busca de um consenso com o Irã no impasse motivado pelo programa nuclear do país.
"Estamos muito decepcionados que o Irã não tenha suspendido o enriquecimento de urânio", afirmou a ministra do exterior britânica, Margaret Beckett, na noite de sexta-feira (06/10) em Londres, após deliberações entre representantes dos seis países mais o encarregado da Política Externa da União Européia. "A decisão foi tomada. Vamos partir para sanções", disse Nicholas Burns, da Secretaria de Estado norte-americana.
O ministro alemão, Frank-Walter Steinmeier, confirmou após o encontro que, não havendo mudanças da parte do Irã, "a única alternativa é que o Conselho de Segurança se ocupe deste conflito e do programa atômico iraniano".
Ficou combinado, acrescentou Steinmeier, que as seis potências mais a UE "criariam nos próximos dias as precondições para isso, elaborando um esboço de resolução para o CS".
Não se chegou ainda a nenhuma conclusão quanto ao tipo e à amplitude das medidas de repressão contra o país do Golfo, nem quanto ao prazo para sua aplicação.
Mas membros das delegações participantes no encontro deram a entender que o ministro alemão defende "sanções brandas". Isso poderia significar barreiras à importação de produtos que possam ter importância estratégica civil ou militar, bem como restrições a viagens de membros do governo iraniano.
Divergências permanecem
As primeiras videoconferências entre diretores dos ministérios do Exterior do grupo de seis para deliberar a respeito do assunto se realizarão em meados da semana que vem, segundo fontes norte-americanas. Mas o ministro do Exterior russo, Sergei Lavrov, já deixou claro que seu país continua apostando numa solução diplomática para o impasse.
"Queremos conversar no CS sobre os passos que seriam necessários para convencer o Irã a aceitar as propostas que fizemos no começo de junho", disse Lavrov segundo a agência de notícias Interfax.
O encarregado da Política Externa e de Segurança da UE, Javier Solana, já havia advertido antes do encontro que as negociações com o Irã "não podem durar eternamente". Durante quatro meses, Solana sondara por incumbência dos Estados Unidos, da França, da Rússia, da China e do Reino Unido junto ao chefe de negociadores do Irã, Ali Larijani, as chances de se chegar a um consenso nesta questão.
Solana levou as negociações adiante mesmo depois que o Irã deixou expirar a 31 de agosto o prazo imposto na resolução da ONU para a suspensão do enriquecimento de urânio.
O Reino Unido e os EUA defendem a imposição de sanções, caso o Irã insista em não cumprir a resolução da ONU. A Rússia e a China reiteraram sua rejeição a sanções. E a imposição de um novo ultimato a Teerã é vista por Moscou como contraproducente.