Assad nega ter declarado que jamais renunciaria
19 de janeiro de 2014Assessores do governo sírio, assim como a mídia estatal, desmentiram notícias veiculadas na manhã deste domingo (19/01) de que o presidente Bashar al-Assad não irá de forma alguma renunciar a seu cargo. A agência russa de notícias Interfax havia reproduzido uma afirmação de Assad neste sentido, referindo-se a um discurso do presidente a parlamentares russos em Damasco.
"O que a agência russa de notícias Interfax publicou como sendo uma declaração feita pelo presidente Assad é incorreta", afirmou a assessoria presidencial.
"Fora de questão"
De acordo com a reportagem da Interfax, Assad teria dito aos parlamentares russos: "Se quiséssemos desistir, teríamos feito isso bem no começo". O comentário dizia supostamente respeito às negociações para a paz na Síria, impulsionadas por uma conferência na próxima quarta-feira em Montreux, na Suíça, durante a qual representantes do regime Assad irão se sentar à mesa com a oposição pela primeira vez desde o início dos conflitos, em março de 2011.
A recusa por parte de Assad em aceitar a condição exigida pela oposição para participar das negociações foi divulgada um dia depois de a Coalizão Nacional Síria (CNS) – o maior grupo que congrega facções de oposição no país – ter votado, de última hora, seu "sim" à participação na conferência intitulada Genebra 2.
"Esse assunto não está em discussão. Somente o povo sírio pode decidir quem participa das eleições", teria dito Assad, segundo a agência russa. A conferência, há muito aguardada, prevê uma solução política para encerrar a guerra civil que assola a Síria.
Antes da publicação das supostas declarações de Assad neste domingo, o presidente da CNS, Ahmad al-Jarba, já havia ressaltado que o único propósito da participação da organização liderada por ele na conferência de Genebra é tirar o presidente sírio do poder.
Oposição vai negociar
No sábado, Jarba havia afirmado durante reunião da CNS em Istambul, que "Genebra 2 é uma mesa de negociação de via única, cuja objetivo é alcançar todas as metas da revolução. E sobretudo cortar todos os poderes do açougueiro", referindo-se a Assad.
Durante os quase três anos do conflito na Síria, todos os esforços em reunir as duas partes numa mesa de negociação acabaram falhando – parte por causa da insistência de Assad em permanecer no poder, parte pela recusa da CNS em participar de negociações que não tivessem a renúncia do presidente como um pré-requisito. Genebra 2 será, portanto, o primeiro encontro dos dois lados desde que a violência eclodiu no país.
A guerra civil na Síria deixou até agora um saldo de mais de 130 mil mortos, milhões de pessoas deslocadas de seus lugares de origem dentro do país e mais de dois milhões vivendo no exílio em países vizinhos.
SV/afp/rtr