As flores do Jardim Botânico do Inhotim
Situado em Minas Gerais, o Inhotim é hoje um centro de arte contemporânea e jardim botânico, reconhecido pela Rede Brasileira de Jardins Botânicos, tendo mais de 4 mil espécies da flora brasileira e internacional.
Inhotim em Brumadinho
Quase toda manhã, uma bruma invade as terras que antes pertenciam a um senhor inglês chamado Timothy, nas montanhas de Minas Gerais. As brumas deram nome a Brumadinho, cidade localizada a 60 quilômetros de Belo Horizonte. E o senhor Timothy, chamado Inhô Tim por seus empregados, deu nome ao bairro da cidade que hoje abriga o Centro de Arte Contemporânea e Jardim Botânico, o Instituto Inhotim.
Jardim Botânico
O Inhotim foi idealizado pelo empresário industrial mineiro Bernardo Paz, que em meados da década de 1980 veio morar numa fazenda que ali existia. O parque foi aberto definitivamente ao público em 2006. Hoje, mais de 1,2 milhão de pessoas já visitaram o Inhotim. Embora seja mais associado ao seu acervo de arte, ele presta, como Jardim Botânico, grande contribuição para a preservação da natureza.
Grevílea-anã
O Inhotim se localiza num ecótone, ou seja, numa transição entre dois biomas, a quente e úmida Mata Atlântica e o cerrado, mais seco. Além disso, ele é entrecortado pela vegetação de altitude da Serra do Espinhaço. Assim, há condições relativamente favoráveis para a maioria das espécies de plantas, como esta grevílea-anã. De origem australiana, seu néctar é muito apreciado pelos beija-flores.
Coração-magoado
Segundo Pedro Nehring, paisagista do instituto, Burle Marx visitou o Inhotim no final da década de 1980 e sempre foi uma grande inspiração. Em vez do tradicional jardim florido, texturas e palmeiras marcam os caminhos e ajudam a amenizar a rigidez dos espaços construídos, gerando um belo com espontaneidade, como as manchas vermelhas deste cróton, conhecido como coração-magoado.
Mulungu
O conceito paisagístico teve início já em meados dos anos 1980 na fazenda de Bernardo Paz. Ali, Pedro Nehring aproveitou o entorno das matas do meio ambiente local para fazer um jardim com plantas da flora brasileira. Um exemplo disso está na presença destes mulungus, que na foto aparecem em frente à obra "Desert Park", um projeto site-specific da artista francesa Dominique Gonzalez-Foerster.
Orquídeas
As plantas de origem tropical, como esta orquídea chuva-de-ouro, crescem num ambiente sem estações do ano marcantes. Com mais tons de verde e maior variedade de formas e tamanhos, é possível trabalhar o conceito pictórico que as diferentes texturas desses ambientes propiciam. Sem esquecer que, nos trópicos, as plantas florescem e frutificam o ano todo.
Orquídea-bambu
De origem asiática, a orquídea-bambu se adaptou muito bem à serra mineira. Segundo o paisagista Pedro Nehring, no início do Inhotim, tudo foi feito de forma intuitiva, sem planejamento. O paisagismo nasceu do grande jardim na fazenda de Bernardo Paz e foi inserindo, então, as obras de arte contemporânea. Com a abertura do parque, teve início o planejamento dos acessos.
Orquídea Cattleya
A Cattleya é um dos gêneros de orquídeas mais populares no Brasil. Ela precisa de temperaturas amenas e luz indireta para crescer. Assim, além de bromélias, orquídeas também são cultivadas nas estufas do Inhotim. Mas, de acordo com o Inhotim, se alguém perguntar ao iniciador Bernardo Paz se ele é um colecionador, ele irá dizer: "não, do que eu gosto é do belo."
Estrelítzia ou ave-do-paraíso
Assim, segundo Pedro Nehring, o paisagismo segue a linha do belo, da exuberância, com plantas da flora brasileira e também plantas exóticas do mundo inteiro. Como estas estrelítzias. De origem africana, seu nome é uma homenagem à princesa alemã Sophie Charlotte von Mecklenburg-Strelitz, que se tornou rainha da Grã-Bretanha e Irlanda após o casamento com rei George 3°.
Heliconia augusta
Também chamada de falsa ave-do-paraíso, em regiões mais quentes, esta Heliconia augusta produz flores o ano inteiro. As helicônias se encaixam bem na disposição paisagística do acervo do Inhotim, que segue, segundo os botânicos do parque, a concepção dos chamados jardins compostos por espécies de origem tropical, onde há peculiaridades distintas de climas temperados.
Maria-sem-vergonha
De origem africana, esta florzinha chamada maria-sem-vergonha ou beijo-turco se adaptou muito bem no Brasil. Seu crescimento rápido lhe garantiu o nome científico de Impatiens walleriana. Ela gosta de umidade e prefere o calor, apresentando flores nas mais diversas cores. A maria-sem-vergonha é uma das mais de 4 mil espécies de plantas encontradas no Inhotim.
Bastão-do-imperador
De origem indonésia, o bastão-do-imperador também é muito apreciado pelos beija-flores. Na Tailândia, ele é servido até em saladas. No Inhotim, tudo é belo. Um conceito que se aplica até nos lagos artificiais. Ali é usado um produto natural que, além do controle de oxigenação, permite uma coloração ora mais verde ora mais azulada às águas cristalinas com peixes e tartarugas.
Alocasia gigantea
Com mais de 700 espécies desta planta, o Inhotim possui uma das maiores coleções de palmeiras do mundo. Ali se descobre que a palmeira vai para muito além dos coquerios ou daquelas de formato imperial. No acervo do Inhotim também se destaca outra família de plantas: as aráceas. São quase 400 espécies, entre elas, esta Alocasia gigantea, de origem asiática.
Antúrio
O antúrio pertence à família das aráceas, como copo-de-leite, O iniciador do Jardim Botânico era um colecionador de aráceas. Hoje, boa parte de sua coleção se encontra no Inhotim, que faz parte da Rede Brasileira de Jardins Botânicos, com o compromisso de preservação e troca de plantas com outros jardins. Uma estufa equatorial abriga a maioria das aráceas.
Philodendron maximum
Entre as aráceas cultivadas na estufa equatorial do Inhotim está o Philodendron maximum. Trata-se de uma das maiores espécies de aráceas. No futuro, o Inhotim pretende trazer um pedaço da Amazônia e de outros oito biomas a Minas Gerais, por meio de um projeto de estufas que ocuparão 20 hectares de área no Jardim Botânico do Inhotim.